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Colunista do NY Times avalia iPad mini, tablet Nook HD e Windows Phone 8

David Pogue

05/11/2012 06h00

Os estúdios de Hollywood evitam promover o lançamento de grandes filmes no mesmo fim de semana, na tentativa de impedir que a atenção que eles atraem e a cobertura da imprensa fiquem diluídas. “Oh, não – nós não podemos lançar o filme nesse dia”, eles devem dizer. “O ‘Titanic II: O Retorno’ vai ser lançado nesse fim de semana”.

Geralmente, essa também é a maneira como as empresas de tecnologia trabalham, especialmente com a aproximação da temporada de compras de Natal.

Este ano, porém, uma muralha de grandes lançamentos feitos pelo setor de tecnologia foi anunciada no período de aproximadamente uma semana. O Windows 8. O Microsoft Surface. O iPad Mini. O Google Chromebook. O Nook HD, da Barnes & Noble. O Windows Phone 8. Um tablet de 10 polegadas (aproximadamente 25 cm) da Samsung e um novo celular do Google.

Tudo bem, indústria da tecnologia. Você queria que a atenção da mídia se dividisse entre vários produtos novos? Seu desejo é uma ordem. Então, empresas de tecnologia, vocês vão compartilhar esta coluna: cada um dos três grandes lançamentos de produtos com tela sensível ao toque feitos esta semana ganhará um terço desta coluna. Conheça o iPad Mini, o Nook HD e o Windows Phone 8.

O iPad Mini

Os boatos eram verdadeiros: agora a Apple tem um iPad menor.

O iPad Mini tem a metade do peso do iPad normal (cerca de 320 gramas contra aproximadamente 640 gramas), é mais fino (0,7 cm contra 0,9 cm), menor (cerca de 20 cm contra 24 cm) e mais estreito (13,5 cm contra 18,5 cm). Essas especificações culminam em uma imponente mudança: agora é possível segurar confortavelmente o iPad com uma mão só. Infelizmente, ele ainda é grande demais para caber no bolso de blazer, mas certamente é possível para guardá-lo na bolsa e no bolso do sobretudo.

O novo iPad está disponível em branco e prata e em preto sobre preto, ambos com a parte posterior feita de metal – e ambos lindos.

iPad mini

  • Yuriko Nakao/Reuters

    Pessoas testam o novo iPad mini em Apple Store de Ginza na cidade de Tóquio (Japão)

O golpe de mestre da Apple foi ter mantido o formato da tela e a resolução iguais às do iPad 2 (1.024 por 768 pixels). Como resultado, o mini é capaz de executar todos os 275 mil aplicativos do iPad sem que seja necessário fazer modificações, como também rodar os 500 mil aplicativos para iPhone. O tamanho das letras e dos gráficos ficou um pouco menor, mas a interface é perfeitamente utilizável.

Infelizmente, o mini não veio com a tela Retina, supernítida, criada pela Apple. Ninguém vai reclamar da nitidez – são 163 pixels por polegada (ou ppi) –, mas o mini não tem a resolução de cair o queixo do iPad normal (264 ppi). Afinal, a Apple precisa segurar alguma novidade para o modelo do ano que vem, certo?

Nos Estados Unidos, o modelo básico do novo mini (com 16 gigabytes de armazenamento, conexões Wi-Fi) custa US$ 330. Os preços chegam até US$ 660 (pelo aparelho com capacidade de armazenamento quatro vezes maior e a opção de conexão por meio da rede 3G/4G).

Ao estabelecer um preço tão elevado para o mini, a Apple permitiu que a classe dos tablets de sete polegadas (cerca de 17,5 cm), equipados com o sistema operacional Android e que custam US$ 200, sobrevivesse – entre eles, o Google Nexus, o Kindle Fire HD e o Nook HD. A propósito, esses tablets também têm telas de alta definição (1.280 por 800 pixels), que o Mini não tem.

Mas o iPad mini é uma máquina muito mais classuda, mais atraente e mais fina. Ele tem duas câmeras, em vez de uma só. Seus ajustes e seu acabamento são muito mais refinados. E, acima de tudo, o mini oferece um catálogo de aplicativos colossal, com o qual os proprietários dos tablets equipados com o Android só podem sonhar atualmente.

Acima de tudo, o mini oferece tudo de bom que o iPad normal tem em um tamanho mais fácil de manusear – e ele é incrível. Você pode argumentar que o iPad mini é tudo que o iPad sempre quis ser.

O Nook HD da Barnes & Noble

A reformulação desse leitor de e-books e reprodutor de vídeos de US$ 200 se concentrou nas três coisas que mais importam para um leitor de e-books de mão: tamanho, peso e nitidez da tela.

Nesses aspectos, o Nook HD dá de dez em seus adversários, o Kindle Fire HD, da Amazon, e o Google Nexus 7. O Nook é mais leve (aproximadamente 314 g, contra 340 g do Nexus e 394 g do Kindle) e visivelmente mais estreito, apesar de sua tela ser do mesmo tamanho, uma vez que sua moldura é muito mais fina. Dá para envolver toda a parte posterior do Nook com uma mão só – mesmo que sua mão seja bem pequena.

Tablets Nook, da Barnes & Noble

  • William Lynch, diretor-executivo da Barnes & Noble, segura os tablets Nook HD+ (E) e o Nook HD (D) em evento em Nova York (EUA); tela do aparelho tem resolução parecida com a tela Retina do iPad

E a tela do Nook é muito mais nítida: 1.440 por 900 pixels (contra 1.280 por 800 pixels dos outros). Com 243 pontos ppi, a tela do Nook se aproxima perigosamente dos 264 ppi da tela Retina, do iPad. Uau, essa tela é muito nítida mesmo. Filmes, livros e revistas saltam aos olhos.

O branco fica tão branco nessa tela que o Nook poderia facilmente participar de um comercial de água sanitária; as telas do Nexus e do Kindle parecem meio amareladas na comparação. (A Barnes & Noble também lançou uma versão de aproximadamente 23 cm, o Nook HD +, que custa US$ 270 nos EUA.)

E o software do aparelho continua melhorando. Agora você pode criar até seis contas, uma para cada membro da família, e cada uma delas é capaz de listar livros e filmes diferentes. (O Nook, no entanto, ainda não é capaz de se lembrar do ponto onde cada pessoa parou de ler um determinado livro; mas a Barnes & Noble diz que essa funcionalidade será lançada em breve.)

O modelo básico do Nook custa US$ 200 e vem com apenas 8 gigabytes de armazenamento – metade da capacidade do Kindle. Por outro lado, ele tem uma entrada para cartão de memória e, por isso, é simples e barato aumentar sua capacidade de armazenamento. O Nook inclui um carregador de tomada (não é possível carregá-lo em entradas USB) que o Kindle não tem. E o Nook não exibe anúncios, como faz o Kindle de US$ 200.

No entanto, o Nook não tem câmera. (A empresa diz que gastou todo o seu dinheiro para produzir a tela de melhor qualidade.) E o volume do alto falante é baixo demais durante a reprodução de filmes – mas a Barnes & Noble diz que lançará uma correção esta semana.

Ainda assim, na guerra do hardware, o Nook HD claramente ganhou este assalto. O Nook HD é rápido, fluido e lindo. O Fire HD fica para trás em todos esses quesitos.

Mas o serviço de filmes da Amazon – que inclui aluguel, compra ou streaming gratuitos como parte do programa Prime, que custa US$ 80 por ano – é maduro e delicioso. A loja de filmes da Barnes & Noble está apenas começando. Se você for capaz de tolerar essa loja incipiente durante algum tempo, então você vai adorar o que a Barnes & Noble criou para explorar as vantagens de seu segundo produto mais importante.

Windows Phone 8

As boas notícias relacionadas às telas sensíveis ao toque prosseguem com o Windows Phone 8. Esse será o sistema que você terá nos elegantes celulares que estão prestes a serem lançados, como o Nokia Lumia 920 e o Windows Phone 8X, da HTC (o que eu testei).

Windows Phone 8

  • Kimihiro Hoshino/AFP

    Steve Ballmer, CEO da Microsoft, apresenta aparelhos com o sistema Windows Phone 8 nos EUA

O Windows Phone7, da Microsoft – uma alternativa nova, colorida, eficiente e baseada em uma interface em blocos, em vez da interface baseada em ícones do iPhone e do Android –, ganhou resenhas entusiasmadas. Mas poucos celulares são capazes de rodar o programa e poucas pessoas o possuem.

O Windows Phone 8 pode parecer idêntico ao Windows Phone7, mas a Microsoft diz que ele foi totalmente reformulado com base no código subjacente do Windows 8 para computadores pessoais. Ele está, portanto, pronto para ser adotado de maneira mais flexível em vários hardwares do que a versão 7: processadores multi-core, telas com diferentes resoluções, celulares com cartões de memória, e assim por diante.

A tela inicial é mais personalizável. É possível escolher entre três tamanhos diferentes para os blocos. Os aplicativos podem modificar sua tela inicial automaticamente. Por exemplo: o aplicativo do Groupon pode exibir ofertas criadas especialmente para o local em que você está agora.

Se você deslizar para a esquerda da tela inicial, você entrará no Kid Corner (cantinho das crianças), uma ideia verdadeiramente inspirada. Nele, você terá apenas aplicativos, músicas e vídeos que você já escolheu a dedo para seus filhos. Da próxima vez que você ouvir, “quero ir embora – posso brincar com seu celular?”, você poderá entregar o aparelho a seu filho sem ter que se preocupar, pois as mensagens da Web e de texto e a funcionalidade de discagem ficarão fora do alcance das crianças.

Outras melhorias mais sólidas: agora o software de seu computador de mesa é capaz de enviar seu acervo de canções e vídeos do iTunes para seu celular. As “Salas” são grupos privados – como Amigos da Academia, Turma do Boteco e assim por diante – cujos membros podem compartilhar suas localizações, calendários, fotos e bate-papos. Agora você pode fazer o backup do celular online.

Dois recursos sensacionais são prometidos para os próximos meses: a opção de fazer “pagamentos via celular”, trazida pela tecnologia com chip NFC (comunicação por proximidade de campo, em tradução livre), e o Data Sense, que tenta armazenar os dados da Internet e monitora seu uso mensal.

O software para celular da Microsoft é rápido, simples e bonito. Mas ele ainda não tem a funcionalidade de ditado universal para a criação de textos rápidos. Seu novo aplicativo Maps não oferece indicações de caminhos em voz alta (em 2012? Sério?). E o público não vai se impressionar até que sejam disponibilizados aplicativos mais legais.

Mas há sinais promissores. A Microsoft diz que há 110.000 aplicativos para Windows Phone, e que as empresas de software podem reutilizar partes do código de seus programas para o Windows 8. Isso deve facilitar a criação de novos aplicativos para o celular.

Conclusão

Então, aí estão: três brinquedos tecnológicos com tela sensível ao toque, cada um bem-sucedido a sua própria maneira. Um vem de uma líder de mercado que espera roubar negócios de suas concorrentes mais pobrezinhas; dois vêm de empresas menos ricas e poderosas, mas determinadas a abocanhar uma fatia maior do mercado.

Nenhum desses produtos é perfeito. Mas eles representam novos picos no gráfico que compara preços com elegância e prazer – e, para os amantes de gadgets, isso prenuncia compras de Natal muito felizes, de fato.