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18/03/2010 - 12h19 / Atualizada 18/03/2010 - 12h59

O que é esse negócio pregado no seu ouvido?

David Pogue||Do ''New York Times''

A palavra “apps”, é claro, é uma abreviação de aplicativos, que significa programas. Mas até 2007 ninguém usava o termo apps, exceto as pessoas que os escreviam – os programadores. Foi depois que apareceu o iPhone que apps se tornou uma abreviação usada pelas pessoas normais.

E agora eles estão por toda parte. Os apps estão em nossos telefones. Nos aparelhos de TV. Nos tocadores de Blu-ray. E agora, com o lançamento do Jawbone Icon (US$ 85), os apps estão em nossos fones de ouvido/microfones Bluetooth. Alguma linha acabou de ser cruzada.

Por que tantas pessoas estão pregando esses fones/microfones sem fio, tipo ciborgue, em seus ouvidos? Talvez seja pela conveniência de ficar com ambas as mãos livres enquanto estão ao telefone. Talvez elas estejam respondendo a todas as leis de trânsito estaduais que exigem que as mãos estejam livres (apesar de estudo após estudo mostrar que é a distração de estar ao telefone, e não fisicamente segurando o telefone ao lado de sua cabeça, que causa acidentes).

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    Por que tantas pessoas estão pregando esses negócios tipo ciborgue nos ouvidos?

Ou talvez as pessoas achem que falar sem qualquer telefone visível faça com que pareçam bacanas, em vez de malucas. 

De qualquer forma, uma empresa chamada Aliph tem lutado para se tornar a Lexus dos fabricantes de fones/microfones Bluetooth. Cada novo modelo é projetado para ser menor e mais bacana do que o do ano anterior. O novo modelo Icon é ainda menor e mais bacana. Em alguns poucos detalhes, na verdade, os projetistas ultrapassaram o bacana para cair no ridículo. Mas no geral, a quantidade de pensamento dedicada a esta coisa mostra que seus corações estão no lugar certo. 

Por exemplo, o pacote – todo reciclado e de materiais recicláveis (obrigado, Aliph) – inclui uma série de anéis de borracha pretos de tamanhos diferentes, para acomodar a todos, desde aqueles com orelhas grandes até os carentes de cartilagem. Há também um gancho para colocar sobre o ouvido para manter a coisa ainda mais solidamente no lugar. 

O processo de emparelhamento (pairing) é rápido e simples – especialmente no iPhone e BlackBerry, sem nenhuma exigência ridícula de senha. 

(O emparelhamento só é feito uma vez, quando você emparelha sem fio o fone/microfone Bluetooth ao seu telefone. Você pode emparelhar seu Jawbone Icon com até oito telefones diferentes; na verdade, você pode até falar em dois deles simultaneamente, em conferência ou alternando os dois como achar adequado).

A tecnologia de cancelamento de ruído do Jawbone também melhorou. A ideia aqui é apagar o som ambiente ao seu redor – barulho do trânsito, da máquina de lavar, do motor do carro – para que você soe da forma mais clara para quem você estiver ligando. Neste aspecto, o Icon funciona de forma incrível. Assim que está colocado em seu ouvido, o Icon envia e recebe um som excelente. 

Na verdade, por estar inserido no canal auditivo – você o insere com o microfone apontado para baixo, depois o roda 60 graus para apontá-lo para sua boca – ele frequentemente oferece um som melhor e mais consistente do que aquele que você consegue de um telefone de fato encostado na sua cabeça. 

Essas, é claro, são todas melhorias incrementais e nem todas são exclusivas do Jawbone. Mas há alguns grandes avanços. Grandes mudanças de fato. 

Primeiro, você tem a opção entre seis designs. Não apenas cores – combinações de cor/textura/design de fato. Um Icon é prateado reluzente; outro é de ouro metálico esculpido; dois possuem variações texturizadas de preto; e assim por diante. Cada um tem apenas 4,5 centímetros de comprimento. 

Esses seis modelos possuem nomes como Catch, Rogue, Hero, Thinker e Bombshell. É bom ter várias opções entre o espectro da ostentação. 

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    Agora, com o lançamento do Jawbone Icon
    (US$ 85), os apps estão em nossos fones
    de ouvido/microfones Bluetooth

É fácil esquecer a respeito do nome artificial de seu modelo –a menos que você escolha substituir a voz feminina de fábrica do Icon por uma das seis disponíveis no site do Jawbone. (Essa voz informa sobre a carga da bateria e o número do telefone que está chamando). Cada uma tem um sotaque e atitude diferente, correspondente aos seis modelos do Icon. (Você pode escutá-las online, em us.jawbone.com.) 

Catch, por exemplo, parece uma garota californiana alegre (“Ooiii! Obrigada por me acordar!” ela diz quando você liga o aparelho). A Bombshell é uma mulher sedutora cheia de duplos sentidos (“Estou acesa e pronta”). Rogue é uma espécie de espiã francesa; Thinker soa como um Kelsey Grammer particularmente fraco: “Ta-ta!” ele cantarola quando você liga o fone/microfone. 

Eu não sei dizer se isso – a jovem, a espiã, a sedutora – é algum tipo de paródia ou fantasia. Se for paródia, a piada envelhece terrivelmente rápido. Se for fantasia, eca; as pessoas realmente estimulam sua autoimagem com um fone de ouvido Bluetooth? 

No mesmo site, você encontra a outra nova característica radical do Icon: apps. Sim, programas de fato que você pode baixar e instalar em seu fone/microfone. (Ou poderá, assim que eles estiverem disponíveis; no momento, tanto os apps quanto as vozes estão em fase de teste e você precisa requisitar a admissão.) 

Não, não tenha a ideia errada; o Icon não é o iPhone. Para começar, você só pode instalar um aplicativo por vez no Icon. (Afinal, ele só tem um botão.) E por ora, há apenas cinco aplicativos no catálogo. E carregá-los no fone é um tanto complicado, envolvendo baixar e instalar o programa do Jawbone em seu Mac ou PC, conectar o fone na porta USB dele e assim por diante. (Instalar as vozes exige o mesmo procedimento.) 

Nem os aplicativos são especialmente ambiciosos. Você não vai jogar jogos 3D em seu fone de ouvido tão cedo. 

Na verdade, por ora, tudo o que esses primeiros apps fazem é conectar você diretamente a uma série de serviços específicos quando você mantém o botão Falar apertado por três segundos. 

Dois deles conectam você aos serviços de informação 411. Dois outros conectam você a serviços online de US$ 40 por ano (Jott e Dial2Do) que transcrevem seus discursos em mensagens de texto escritas, mensagens de e-mail e lembretes para você mesmo. (O Dial2Do até mesmo permite ditar oralmente mensagens para Twitter.) O quinto aplicativo ativa a função discagem por voz em seu telefone. 

Segundo a Aliph, a grande notícia não é os aplicativos em si – por ora, eles são pouco mais do que botões de discagem rápida glorificados – mas sim o sistema operacional que os possibilita. O Icon é o primeiro fone de ouvido/microfone com programa que você pode modificar ou aprimorar, o que abre certas possibilidades. Em breve, diz a empresa, você poderá segurar o botão Falar quando quiser escutar um podcast que está no telefone em seu bolso, para escutar orientações de direção ou para ouvir música. 

Essa rica experiência pode levar algum tempo para ser desenvolvida. Por ora, o Jawbone Icon marca pontos por seus avanços mais mundanos aqui e agora, as pequenas coisas que o tornam um aparelho mais satisfatório do que seus concorrentes mais baratos. 

Por exemplo, ele tem um botão deslizante liga-desliga, eliminando a rotina habitual “aperte o botão por cinco segundos”. A luz de status fica na parte interna, contra seu rosto, em vez de anunciando seu aparelho em público ao ficar piscando. O Icon, a propósito, não possui controle de volume próprio; você usa os controles de seu telefone. Mas depois, o fone/microfone ajusta automaticamente o volume de todas as suas futuras chamadas, quando necessário, nesse mesmo nível. 

Finalmente, quando você emparelha o Icon com um iPhone, um medidor mostrando a carga da bateria do fone/microfone aparece na barra de menu do iPhone. Esse é um avanço impressionante, considerando a proteção tradicional com que a Apple trata seu software. Alguém deve conhecer alguém. 

Há fones/microfones mais baratos; é concebível que alguns possam ser mais confortáveis após muitas horas de uso. Mas o Jawbone acerta as coisas certas – tamanho, aparência, qualidade de som, simplicidade, duração da bateria (quatro horas de conversa, 10 em standby) – e acrescenta características novas suficientes para manter as coisas interessantes.

Tradução: George El Khouri Andolfato

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