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06/05/2010 - 11h05 / Atualizada 06/05/2010 - 11h33

Aqui está o Dash... Espera aí, o que é um Dash?

DAVID POGUE | Do New York Times

Como a enxurrada de propagandas deve ter deixado claro, o novo Sony Dash está aqui. O que ele é? Isso depende de você querer saber ou não o que ele faz – ou o que ele representa.

Primeiro, o que ele faz. O Dash (US$ 200) é um Chumby melhorado e mais elegante.

Se o nome não lhe diz nada, aqui está algo para refrescar a memória: o Chumby, da Chumby Industries, é um aparelho bonitinho que parece um “saquinho de feijão”, com uma tela de toque de 3,5 polegadas. Você o coloca no criado-mudo, na mesa ou no balcão da cozinha.

Porta-retrato digital ou rádio?

  • O Sony Dash seria um um cruzamento atraente, diferente, de despertador, moldura, visor e rádio por Internet, com tela sensível a toque de 7 polegadas

Lá, usando uma conexão de rede sem fio, ele passa o dia exibindo uma série de widgets de Internet, como manchetes, preços de ações, boletim do tempo, fotos, feeds do Twitter ou Facebook, listas de 10 mais, e-mail, placares esportivos e piadas.

Você pode escolher dentre mais de 1.000 desses aplicativos gratuitos. O resultado: um cruzamento atraente, diferente, de despertador, moldura, visor e rádio por Internet. (Um segundo modelo do Chumby está atualmente disponível por US$ 120, com rádio FM incluída e bateria opcional – mas sem o saquinho de feijão.)

O Sony Dash é uma atualização maior, mais bonita, desse aparelhinho bizarro. É o que ele faz. O que ele representa, entretanto, é mais curioso: aparentemente, o Dash é a base do novo design da Sony. O Dash, de fato, é tão importante para a Sony que os jornalistas que o avaliariam não foram autorizados a vê-lo sem antes participarem de uma teleconferência com os gerentes da empresa.

A Sony perdeu muitas transições – do Walkman ao iPod e assim por diante”, reconheceu um. “Nós temos lutado recentemente para sermos rápidos e inovadores em uma empresa tão grande.”

O Dash supostamente representa o Novo Modo da Sony. Ele foi projetado na Califórnia, não no Japão. Ele não passou por anos de reuniões de comitês ultraconservadores. Em vez disso, ele foi acelerado por uma pequena equipe independente de “executivos muito jovens, como um projeto descontraído”, diz a empresa. Mais produtos como este estão a caminho.

O Chumby parece um referencial peculiar para esta nova forma de fazer as coisas, mas, se é isso o que motiva a Sony, que seja. A verdadeira pergunta é: como ele é?

Características

A aparência é ótima. Ele é um trapézio preto brilhante com uma tela de toque muito maior (7 polegadas) do que a do Chumby. Se você virar o Dash, a imagem gira para permanecer na posição certa. O grande botão emborrachado de Menu no topo também serve como botão Soneca quando o Dash estiver funcionando como despertador.

(A Sony, é preciso ser notado, não gosta quando o Dash é descrito como um Chumby redesenhado, apesar das duas empresas terem trabalhado juntas nele. Em vez disso, a Sony vê o Dash como uma recriação brilhante do rádio-relógio Dream Machine, um dos maiores sucessos da empresa. “Você pode até despertar com um vídeo!” apontou um dos representantes. Sim, se você dormir com seus olhos abertos.)

O Chumby exige que você escolha seus widgets preferidos no seu computador, a partir de um site; mas você também pode fazer isso diretamente na tela do Dash, o que é excelente. Toque nas categorias de widgets como Animais, Relógios, Agenda, Emprego, Finanças, Horóscopo, Compras, Esportes, Webcams; leia um resumo e cheque a avaliação dos usuários; então toque em Adicionar para o download instantâneo.

A Sony também adicionou alguns ótimos widgets de áudio e vídeo. Se você é membro da Netflix, você pode assistir todos seus filmes Instantâneos diretamente no Dash. A tela não é exatamente semelhante à tela de plasma na sua sala. Mas a aparência é ótima e é agradável assistir a um episódio de “30 Rock” durante o café da manhã. Música do Pandora e Slacker, Amazon Video on Demand, YouTube e outros também estão disponíveis.

O Dash também oferece dois widgets exclusivos, como a dica do dia da Martha Stewart ou do Dr. Ox (“Proteja-se do sol! Use protetor solar” dizia uma).

Útil ou inútil?

Seu instinto poderá dizer: “Mas por que preciso disso? Eu já não tenho TV, telefone e um computador?”

Mas como aponta a Sony, as pessoas disseram o mesmo a respeito do iPad da Apple (vendas no primeiro mês: um milhão de unidades). E se o Dash for igualmente rápido e agradável de usar, ele poderia fazer você mudar de ideia a respeito de ter uma quarta tela em sua casa.

Infelizmente, o Dash não é tão rápido e nem tão satisfatório. Na verdade, “infelizmente” não é a palavra. Considerando o quanto a Sony está apoiando seu futuro nas pobres ombros do Dash, “tragicamente” seria mais apropriado.

Aparentemente, as empresas de eletrônicos ainda não perceberam que Chip Lento + Tela de Toque Falha = Má Fama entre os Consumidores. Você toca a tela, mas não há resposta imediata e nenhum indicador de progresso, de forma que você fica sem saber se a coisa “ouviu” você. Não é uma receita para prazer em sua nova compra.

Problemas de software também assombram o Dash de outras formas. A tela do Dash me direcionou com má vontade para o site mal projetado do aparelho na Internet para registro, uma hora após eu tê-lo feito. Quando você experimenta o Pandora, a tela do Dash direciona você para um endereço de Internet que não existe.

Repetidamente, você se depara com lugares onde a Sony aparentemente esqueceu que o Dash tem uma tela de toque. O módulo do despertador é de modo geral excelente –você pode, por exemplo, programar um padrão de alarmes como 7h30 na segunda e quarta, 7h45 nos outros dias úteis. Mas você ajusta esses tempos apertando botões para cima/para baixo, como fazíamos em rádios-relógios de plástico da Era Pleistocena. Qualé, Sony. Que tal colocar na tela um teclado numérico para apertarmos 7, 3, 0?

Dash permite até que você ''tuíte''

  • Divulgação

    Quando você quer dar entrada em um texto (para o Twitter, por exemplo), aparece um teclado na tela

Quando você quer dar entrada em um texto (para o Twitter, por exemplo), aparece um teclado na tela. Incrivelmente, você não tem como fazer uma inserção para corrigir um erro de digitação ou editar o texto. Você precisa dar o backspace e apagar tudo o que digitou.

Nas listas de rolagem, você vê três itens de cada vez, mesmo quando há espaço de sobra para aparecer mais. É como operar por meio de um buraco de fechadura. Quando há uma lista de podcasts, como você supostamente começa a tocar um? Apertando seu nome? Não –óbvio demais. Você precisa apertar o nome e então apertar o botão Play.

O Dash seria excelente como moldura de fotos, se não fosse tão medíocre como moldura de fotos. Ele pode exibir suas fotos do Flickr, por exemplo, mas não em tela cheia –apenas uma pequena janela cercada de outras coisas. Ele pode exibir fotos de tela inteira do PhotoBucket.com– mas não é possível ajustar a velocidade do slide show, que é rápido demais.

Este é um problema universal, na verdade. O processador do Dash roda mais rápido do que o Chumby, de forma que os aplicativos do Chumby rodam rápido demais. Os painéis da tira diária do Dilbert ou o widget de fatos do Chuck Norris passam rápido demais para poderem ser lidos.

Finalmente, o Dash é complicado. No site, os aplicativos do Chumby estão de um lado e os especiais da Sony (Dr. Oz, Pandora e assim por diante) estão em outro. Você agrupa os widgets em canais e coloca os canais em listas de reprodução –ou talvez sejam as listas nos canais– e então escolhe um tema. É confuso.

A Sony está ciente dos problemas do Dash. “A experiência, para ser completamente franco com você, é boa”, disse um gerente de produto, “mas precisa ser muito melhor. Este é um compromisso 24 horas, 7 dias por semana, desta empresa para que aconteça”. Ele jurou que as correções do software ocorrerão cedo e com frequência. Se ele estiver certo, o Dash poderá ser bacana algum dia.

Mas este é realmente o Novo Modo da Sony? Lançar algo que ela sabe que está longe de pronto e então consertá-lo depois –após as críticas ruins, o feedback ruim do cliente e do golpe potencialmente fatal contra a imagem do produto?

Não cai bem.

De qualquer forma, o Dash é um conceito promissor com uma execução decepcionante. A Sony provavelmente pretendia que o nome tivesse a conotação de “dashboard” (painel de instrumentos), ou talvez de corrida (curta e veloz). Por ora, o que ele mais sugere é expectativas “dashed” (frustradas).

Tradução: George El Khouri Andolfato

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