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Para Ipea, deve haver aproximação entre pesquisadores e empresas na produção tecnológica
O trabalho conjunto entre instituições acadêmicas e empresas é um dos desafios para o desenvolvimento tecnológico no país, apontou a publicação “Panorama da comunicação e das telecomunicações”, apresentado nesta terça-feira (11) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O estudo, que reúne vários artigos de pesquisadores, discute as tendências e desafios do Brasil na área de telecomunicações.
“É muito pequeno o número de empresas que utilizam os cientistas e a academia brasileira para dar suporte aos seus processos inovativos”, diz o artigo “Tendências tecnológicas mundiais em telecomunicações”, escrito por Fernanda De Negri, do Ipea, e Leonardo Ribeiro, que é analista do Inmetro. Havendo esse tipo de integração, tanto academia como fabricantes estariam ampliando “significamente os esforços tecnológicos do país.”
Além disso, a produção de artigos científicos de tecnologia no país ainda é “incipiente” para Paulo Nascimento, do Ipea. Em seu artigo, que trata das capacitações científicas do Brasil em telecomunicações, ele cita que de janeiro de 2000 a setembro de 2010 havia 383 artigos completos registrados. É o menor número em comparação aos outros Brics (grupo de países formado por Brasil, Rússia, China e Índia). A Rússia nesse período cravou 624; Índia 1.864 e China com 5.382.
Desses 383 artigos, 37,4% foram feitos em coautoria com estrangeiros – porcentagem considerada boa, equivalente, inclusive a da China que, dos seus artigos, 37,2% foram feitos nessa mesma condição. Os cientistas americanos e franceses são os que mais participam. Na sequência, vem Inglaterra e Canadá.
O Brasil, desde a última década, tem apresentado crescimento na produção científica. Segundo o Portal ISI/Web of Science, o triênio de 2007-2009 teve crescimento de 384% comparado ao período entre 2001-2003. Mesmo assim, considerando a hipótese de que esse crescimento continuará, o Brasil só conseguiria, por exemplo, superar a produção russa, da Finlândia e da Suécia em 2019. Inglaterra, França e Itália só seriam superadas em 2040.
Para Nascimento, o Brasil deve mirar em ser mais inovador que reativo às tendências globais. Ele até sugere que sejam feitas parcerias com estrangeiros. “Dado o cenário corrente, um eventual champion brasileiro teria que inicialmente importar algumas competências científicas, sobretudo as mais próximas da fronteira tecnológica do setor, sem o domínio das quais dificilmente geraria inovações competitivas”, sugere Paulo Nascimento.