Perfil brasileiro respondeu se o Governo já estava tentando calar o grupo
A versão brasileira do site hacker LulzSec saiu do ar por volta do meio dia desta quarta-feira (22), após o grupo reivindicar os ataques que derrubaram sites do Governo durante a madrugada. O endereço http://www.lulzsecurity.com.br, que antes exibia textos e até um vídeo em português, passou a exibir a mensagem “essa conta foi suspensa”, em inglês. Ao responder a pergunta de um internauta (“suspenderam o host do site lulzsecurity.com.br o governo já esta tentando calar a voz ???”, o perfil do LulzSec no Twitter escreveu: “Pelo o que parece sim. A jangada continua navegando...”
Uma mensagem cheia de erros de português afirmou ter sido um boicote de empresas que oferecem hospedagem. “Estamos a ser boicotados pelas empresas de hospedagem! mas nos iremos superar e iremos boicotalas! ou seja por nos ou seja contra nos!”
Esse mesmo perfil no Twitter divulgou a mensagem “13:00h / Preparem-se”, que já foi apagada. Segundo um manifesto divulgado pelo LulzSec, a ação no Brasil faz parte da operação AntiSec – investida do grupo LulzSec com o grupo Anonymous contra páginas de governos de todo o mundo. “Por longos anos o nosso governo corrupto vem nos roubando. Chegou a hora do contra-ataque #AntiSec”, anunciou outro tuíte.
Segundo a assessoria de imprensa da Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), a Polícia Federal sempre é acionada em casos de ataques hackers como o ocorrido nesta madrugada e já está investigando a ação.
O Serpro marcou para a tarde desta quarta-feira (22) uma reunião com representantes do Planalto e com a Polícia Federal para discutir o caso.
Negação de serviços
Em nota oficial, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República informou que os sites caíram durante a madrugada por conta da ação do Serpro, na tentativa de impedir os ataques.
“O Serpro detectou nesta madrugada, entre 0h30 e 3h, uma tentativa de ataque de robôs eletrônicos aos sites Presidência da República; Portal Brasil e Receita Federal. O sistema de segurança do Serpro, onde estes portais estão hospedados, bloqueou todas a ação dos hackers, o que levou ao congestionamento das redes, deixando os sites indisponíveis durante cerca de uma hora”, diz a nota. “O Serpro informa que o ataque foi contido e os dados e informações destes sites estão absolutamente preservados”, continua.
Em entrevista à rádio Estadão ESPN, o diretor superintendente do Serpro afirmou se tratar de um ataque de negação de serviços (quando muitas máquinas tentam entrar no mesmo site simultaneamente, podendo derrubá-lo). Gilberto Paganato disse que pelo menos um dos sites atacados (o da Presidência) recebeu mais de 340 milhões de acessos em uma hora. Também foram atacadas as páginas Portal Brasil e da Receita Federal.
Histórico de invasões
Nos últimos dois meses, o grupo LulzSecurity assumiu a autoria de vários ataques. Entre as vítimas estiveram a Sony (SonyPictures e a versão japonesa do site SonyMusic), a desenvolvedora de jogos Bethesda, o site da Fox, da Nintendo, do Senado norte-americano e até o site da CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos).
No Brasil, pouco depois do ataque aos sites do Governo, o perfil do LulzSec "oficial" saudou a divisão brasileira pelo êxito na operação -- mostrando assim que o perfil brasileiro do Twitter está realmente ligado aos estrangeiros. “Nossa unidade brasileira está fazendo progresso, muito bem LulzSecBrazil”, dizia a mensagem em inglês.
Além disso, os hackers do grupo, recentemente, vazaram umalista de 62 mil endereços de e-mail e senhas obtidas em ataques feitos nas últimas semanas – alguns deles a sites pornográficos. Os dados dão acesso a contas no Facebook, Twitter, Yahoo, Hotmail, Gmail, entre outros serviços.