Na primeira semana de janeiro, diversos internautas usaram a internet para reclamar de um megassaldão da loja online do Carrefour, que oferecia descontos de até 50%. Muitas das compras feitas em 1º de janeiro foram canceladas por “problemas cadastrais”, e os consumidores só foram informados no dia seguinte, quando as promoções não valiam mais. Após muito barulho nas redes sociais e reclamações ao Procon, esses internautas começaram a ter o problema resolvido pela empresa.
Segundo o Procon-SP, foram feitas cem queixas sobre o caso – dessas, 65 foram levadas adiante por consumidores que deram continuidade ao processo da reclamação (enviando a documentação da compra, por exemplo). O órgão de defesa deu então um prazo até segunda-feira (23) para que o Carrefour respondesse às reclamações caso a caso, algo que a empresa cumpriu.
O próximo passo é enviar uma carta de informações preliminares (CIP) para confirmar se todos os reclamantes tiveram o problema resolvido. Em caso negativo, as queixas serão passadas para a fiscalização – a partir daí, a empresa pode ser multada. Essa multa, segundo confirmou a assessoria do órgão, poderia chegar a R$ 6 milhões caso as promessas feitas pela companhia não fossem cumpridas. O Procon diz não haver um prazo para coletar as respostas dos consumidores.
Em nota sobre as reclamações, o Carrefour divulgou ter apurado um “equívoco no processo de aprovação” durante o 3º megassaldão, “ocasionando o cancelamento automático de um bloco de pedidos”. “Em respeito ao consumidor, o Carrefour.com.br informa que irá analisar cada um destes casos e contatará no mês de janeiro os respectivos clientes”, diz o comunicado.
Clientes
A maioria dos consumidores entrevistados pelo UOL Tecnologia conseguiu concluir as compras realizadas no dia 1º de janeiro e, depois, canceladas.
O administrador de fazendas Jonatas Costa Martins, 41, comprou 11 itens no primeiro dia do ano -- alguns com cartão de crédito e outros com boleto bancário --, mas somente os quatro de menor valor foram aprovados. O motivo do cancelamento: problemas cadastrais, apesar de os mesmos dados terem sido usados para todas as compras. Somente após as reclamações ganharem força, o administrador de Mata Verde (MG) conseguiu concluir a aquisição de todos os produtos.
Ele contou que empresa entrou em contato, permitindo primeiro que ele concluísse as aquisições pagas no boleto bancário. Depois, houve outro contato para as compras feitas no cartão. “Vou reativar todos os pedidos, pois os preços estavam muito bons”, afirmou em entrevista via e-mail.
Já o engenheiro eletrônico Diego Benites Paradeda, 26, contou ao UOL Tecnologia ter feito uma compra de R$ 216, usando o cadastro de outra pessoa. Essa compra passou. Já aquela que ele fez usando seus próprios dados – uma TV no valor de R$ 1.259,40 – teria sido cancelada também por contra de problemas cadastrais.
Morador de São José, em Santa Catarina, Paradera fez a reclamação no Procon, mas afirma que a empresa só entrou em contato após “muita reclamação no Twitter”. “Reativaram meu pedido dando um vale. Depois cancelaram meu pedido novamente pelo mesmo motivo: divergências cadastrais. Mas como o vale voltou a funcionar, eu mesmo consegui efetuar a compra pelo mesmo valor do saldão”, contou.
Dos três entrevistados, somente o administrador de empresas Claudio Pedro Andozia, 58, afirma que não teve o problema resolvido. O morador de São Paulo fez cinco compras no megassaldão, sendo que quatro delas foram aceitas e os pedidos, já entregues. A quinta foi cancelada –por motivos cadastrais, sendo que o cadastro também era o mesmo --, e em um primeiro momento o Carrefour afirmou que só faria a venda com preço atualizado.
Depois, ainda segundo Andozia, a empresa ligou e ofereceu um vale de R$ 800, alegando que o produto estava em falta. “Rejeitei a proposta e estou fazendo uma nova denúncia no Procon”, disse ao UOL Tecnologia. O produto em questão é uma TV LED de 42 polegadas que teria desconto de R$ 799,60 (de R$ 1.999 por R$ 1.199,40).
