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24/11/2006 - 10h43

Linux "plug & play" promete deixar pingüim mais fácil de usar

Daniel Pinheiro

do UOL Tecnologia
Linux soa complicado para muita gente. Mas imagine carregá-lo num pendrive, conectá-lo a qualquer computador e, em segundos, ter um sistema operacional com aparência atraente, fácil de usar e rodando completo no computador.

Essa é a aposta da Mandriva Conectiva, uma das maiores distribuições do pingüim no Brasil. "Há cinco anos atrás, apenas 2% dos usuários que compravam computadores com nosso sistema operacional não o trocavam por outro", disse Paul Guillet, novo gerente geral da empresa, apresentado em evento esta semana em São Paulo. "Em 2003, esse percentual foi a 5%. Se com o 'PC Para Todos' conseguimos atingir 27% de pessoas que estão usando Linux, é um crescimento em progressão geométrica. Ficamos muito felizes, as perspectivas são as melhores possíveis."

Para conseguir esse tipo de penetração com o Linux fora do mundo dos computadores subsidiados, Guillet diz que o sistema deve se tornar mais atraente para usuários mais jovens, que escolham o Linux também por sua aparência e beleza gráfica, não somente por atributos historicamente ligados ao programa, como a estabilidade e as muitas opções de configuração.

"O Linux precisa de um 'hype', precisa agradar aos usuários, perder um pouco essa cara séria que o caracteriza. Se quisermos realmente crescer, precisamos entrar no 'mainstream', vender para qualquer tipo de usuário", diz Guillet.

Linux plug'n'play
Uma das apostas de Guillet e da Mandriva para essa popularização do sistema de Linus Torvalds no Brasil é o pendrive USB de 1 GB de capacidade, um gadget bastante comum hoje em dia. A diferença é que esse dispositivo contém um sistema operacional Linux que pode ser usado em qualquer computador.

Basta que o pendrive seja conectado à uma porta USB do PC. O usuário escolhe a opção de carregar o sistema pelo gadget, e em alguns segundos o computador está pronto para ser usado com o sistema operacional Linux, como o UOL Tecnologia pode observar em teste feito pelo próprio Guillet.

O usuário médio não precisa acessar a temida linha de comando, tão amada pelos defensores do pingüim —ele já vai encontrar uma interface gráfica bastante semelhante ao padrão Windows XP, inclusive na aparência e no menu principal.

Outra vantagem é que o gadget, que terá seu lançamento mundial feito a partir do Brasil no dia 28 de novembro, já chega com suporte ao português. "O Brasil vai ser o primeiro país a ter esse produto, e por isso precisávamos ter ele em português. Isso porque pensamos que o Linux é isso —um produto local, para necessidades locais. Nossos produtos tem suporte a dezenas de línguas, do suáli ao azerbaijano, para que todos sejam atendidos da melhor maneira possível em seu idioma", afirmou Guillet.

"Não tem como dar errado"
Quando questionado sobre o Windows Vista, o novo sistema operacional da Microsoft e o maior rival do Linux e suas distribuições, Guiller repetiu a crítica que o mercado de tecnologia vem fazendo: "Bem, ele é um tanto pesado e lento, não acha? As pessoas terão que comprar hardware para executá-lo, além de ter que pagar uma licença caríssima, que cada vez custa mais a cada atualização."

Mas o executivo da Mandriva reconhece que a chance de o Vista não ser um sucesso é zero. "Não tem como dar errado, há muito dinheiro investido e eles já partem de uma participação muito alta no mercado. E há a questão do dinheiro. Nós comemoramos quando vendemos 15, 20 mil máquinas com nosso sistema em um país africano, mas eles (Microsoft) chegam lá, no mesmo lugar, fecham um contrato de centenas de milhares de Windows e ainda doam US$ 50 milhões para algum hospital ou entidade de caridade. Não há como competir, é um nível completamente diferente."

Força da comunidade
Quanto ao acordo entre Novell e Microsoft, que teoricamente deixa todas as distrubuições Linux que não forem da primeira empresa na ilegalidade por quebrar patente da dona do Windows, Guillet não se mostrou muito preocupado.

"Eu realmente não estou acompanhando isso de perto, mas acho que podemos contar com a força da comunidade Linux para conseguir para todas as distribuições os privilégios que a Novell negociou com a Microsoft. Acho que as perspectivas são boas."

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