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05/09/2007 - 07h01

Pilha movida a água faz sucesso em feira na Alemanha

DANIEL PINHEIRO

Do UOL Tecnologia, em Berlim (Alemanha)
Um copo cheio de água e um conta-gotas -isso é tudo que você precisa para carregar um novo tipo de pilha movida a água. A invenção está na IFA 2007, maior feira de eletrônicos da Europa, que acontece esta semana em Berlim.

Em um cantinho de um pavilhão escondido da feira, está o estande de 10 m² da Aqua Power System, com duas bancadas —uma delas com um pequeno "Ferrorama" funcionando sem parar, a outra cheia de pilhas e copos d'água.

Tadashi Ishikawa, presidente da empresa, fala sobre as características da pilha quase berrando, para tentar se fazer entender entre a multidão.

"Essa pilha aqui, ruim, muito ruim (sic)", diz apontando para uma pilha convencional. "Contém mercúrio, que faz mal para sua saúde e polui a água e a terra", afirma Ishikawa, um japonês que fala em inglês para os alemães tentarem entender. "Nossa pilha não, pilha boa, sem nada que faz mal para o planeta."

Quando questionado sobre o funcionamento da pilha, que tem o mesmo formato das convencionais AA, o executivo pega um pequeno conta-gotas e pinga um pouco d'água em uma entrada da pilha.

"Está vendo? Já está carregada", diz Ishikawa, que em seguida diz que cada "Acqua Battery NoPoPo" —esse é o nome comercial da pilha movida a água— funciona por até oito horas e pode ser recarregada com mais água por até cinco vezes.

Depois disso, os elementos químicos que reagem com a água —no caso da "Acqua Battery", principalmente alumínio e magnésio— já não produzem a reação desejada.

Um ano de cálculos
Agora, Ishikawa mostra à pequena multidão em frente ao estande uma calculadora que funciona com água. Ou quase isso.

"Bem, não é exatamente funcionar a água", explica o executivo-vendedor-e-garoto-propaganda. "Ela funciona com uma bateria, ela sim movida a água. Ela não tem o mesmo formato da 'Acqua Battery'. Mas o princípio é o mesmo."

Ishikawa faz gestos pomposos para encher o conta-gotas com água, e então leva os braços para o alto, sobre sua cabeça, para que todos possam ver a calculadora sendo abastecida.

Feito isso, o entusiasmado japonês mostra a todos seus expectadores a máquina funcionando. "Viram? Dois mais dois igual a quatro, podem fazer a conta que quiserem, calculadora movida a água boa."

Mais uma vez questionado quanto à capacidade, Ishikawa responde com um grito: "Um ano, um ano de contas, sem parar. E a carga também dura um ano, mesmo que não ligar e usar."

"Pai, escreve pra ele, dá o seu cartão"
Enquanto o senhor Ishikawa mostrava ao UOL Tecnologia outros tipos de bateria movidas a água —entre elas uma série com dez pilhas maiores, capazes de manter acesas uma lâmpada de 12 V e outra de 15 V—, um garoto puxa a ponta de seu paletó para perguntar algo.

"Senhor, o que meu pai precisa fazer para você mandar as pilhas de água lá para casa?", questiona o pequeno alemão, com o inglês que consegue falar.

"Cartão de negócios, cartão de negócios, endereço que a pilha vai chegar", diz Ishikawa, que logo se vira e responde a uma repórter holandesa sobre a questão das patentes da pilha movida a água. "Já temos no Japão, Coréia, EUA e Alemanha. Precisamos ir mais rápido, para começar a vender logo."

Enquanto explica que as baterias já estão à venda no Japão por cerca de US$ 10 a cartela com duas, a roupa de Ishikawa é puxada novamente pelo garoto. "Senhor, aqui está. Meu pai colocou o endereço de casa e do trabalho dele, e todos os nossos telefones. Não esquece de mandar a nossa, tá?"

O japonês pára a explicação sobre os preços, guarda o cartão no bolso da camisa, dá um tapinha na cabeça do menino e fala: "Pode esperar que vai chegar. Assim que chegar ao Japão, mando para você. Não vou esquecer."

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