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29/04/2009 - 16h05

Ubuntu 9.04: nova versão do Linux está mais perto de se tornar concorrente forte

JOÃO BRUNELLI | Para o UOL Tecnologia
Sem a pompa que os lançamentos da Microsoft ou da Apple costumam ter, com festas, keynotes e tudo mais, a chegada do Ubuntu 9.04 no último 23 de abril marcou a abertura oficial dos sistemas operacionais que debutarão em 2009. Os outros são o Windows 7, a essa altura um velho conhecido de seus inúmeros beta-testers, e o Mac OSX 10.6 Snow Leopard, ainda escondido atrás da muralha que a Apple ergue em torno de seus produtos em desenvolvimento.

Atrás desses dois titãs, que juntos rodam em mais de 98% dos computadores conectados à internet em todo mundo, a décima versão de uma das mais reverenciadas distribuições de Linux chega com a missão quase impossível de ser uma opção mais segura e estável frente a sistemas operacionais pagos —credenciais que não garantiram o sucesso de suas versões anteriores.

Mas a cada versão, o Ubuntu vai melhorando cada vez mais sua usabilidade para os usuários leigos, fazendo que inevitavelmente os entusiastas se perguntem: será que é dessa vez que o Linux sairá dos guetos da computação para cair nas glórias do público?

Ao menos, o Ubuntu 9.04 tenta. Desenvolvido sob a tutela da Canonical Inc. o sistema é de propriedade do milionário sul-africano Mark Shuttleworth (uma espécie de open-Steve Jobs, mais lembrado por ter sido o primeiro civil a pagar para ir para o espaço). O Ubuntu recém-lançado, que também atende pelo curioso nome-código de Jaunty Jackalope (jackalope é um animal folclórico, cruzamento entre uma lebre e um antílope, e jaunty é 'audacioso'), promete ser mais amigável ao usuário comum e contar com melhorias em seu sistema de arquivos, notificações e velocidade de inicialização.

Fazendo de tudo para agradar

Sabe aquela garota ou garoto que apesar se não ser um primor da beleza conquista pela simpatia e por seu conteúdo? O Ubuntu quer ser assim. Assim como suas versões anteriores, o 9.04 chega ao usuário com toda suíte OpenOffice 3.0 instalada (com editor de textos, planilhas, apresentação e desenhos), dicionário, navegador Firefox 3.0, cliente de e-mail Evolution (que faz frente ao Outlook), media player Rhythymbox, comunicador instantâneo Pidgin (compatível com MSN, GTalk e outras opções, incluindo o decano ICQ) e o editor de imagens Gimp, tudo "de série" dentro de seus quase 700 MB de download.

Mas são nas partes que o usuário não vê que estão as maiores novidades. Uma das melhorias mais anunciadas é a capacidade do novo Ubuntu em se carregar em apenas 25 segundos —curiosamente, a redução do tempo de boot também foi uma prioridade da Microsoft no desenvolvimento do 7— além de um aprimoramento geral em sua capacidade em hibernar e despertar, que agora são feitos mais rapidamente.

Os alertas de todos os programas, como os que indicam a chegada de e-mail, mensagem instantânea, perda de sinal Wi-Fi ou alteração no volume foram unificados como uma tarja escura que aparece no canto superior direito da tela. Esses alertas têm uma certa "aparência Apple" e funcionam basicamente como os alertas do Windows Live Messenger, longe de serem invasivos ou discretos demais.

Além disso, uma velha reivindicação dos usuários finalmente foi atendida e o Ubuntu teve sua capacidade de visualização de fontes em programas ou páginas da internet melhorada.

Grande cardápio

Como é um programa de código aberto, é natural que o Ubuntu tenha diversas opções com várias interfaces gráficas (basicamente, o layout de suas telas, janelas e menus).

Por padrão, o Ubuntu sempre aparece primeiro nas versões com Gnome e KDE —a primeira, com visual mais ou menos original e a segunda levemente inspirada no ambiente Windows— mas dessa vez ele também apareceu com uma versão desenvolvida especificadamente para as pequenas telas dos netbooks, computadores de baixo custo e desempenho muitas vezes modesto.

Nessa opção, mais simples, os ícones ficam dispostos no centro da tela. Do lado esquerdo, há um menu em que se seleciona o tipo do programa (escritório, internet, jogos) e do lado direito estão as pastas do usuário (música, documentos). Além disso, a versão é otimizada para processadores ARM, usados em máquinas de baixo consumo.

Em resumo, é difícil saber se a versão 9.04 do Ubuntu será páreo para os novos Windows e Mac OSX que vêm por aí, mas pelo menos continua em evolução —mesmo que, às vezes, discreta demais.

Bom lembrar que no meio do ano passado, Shuttleworth afirmou numa conferência que "dentro de dois anos" seu sistema operacional seria "mais bonito que o Mac OSX". Desde então, a equipe de desenvolvimento do Ubuntu foi engrossada por designers, especialistas em experiência do usuário. O sucessor do 9.04, já conhecido pelo nome-códido Karmic Koala (coala kármico?) chega no final desse ano.

Ou seja, mesmo que não caia no gosto da massa, em breve os concorrentes poderão ter um competidor de peso.

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