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18/11/2009 - 19h36

Sem explicações, Telesp mantém leilão de compra de ações da GVT

SÃO PAULO (Reuters) - A Telesp, unidade do grupo espanhol Telefónica no Brasil, comparecerá na quinta-feira ao leilão de compra de ações da rival GVT na Bovespa, mesmo sabendo de antemão que a Vivendi assegurou fatia de 57,5 por cento na empresa que foi alvo de intensa disputa.

Em um movimento orquestrado, a Vivendi ofereceu na última sexta-feira pagar 56 reais por ação da GVT, valor 33,3 por cento maior que o apresentado pelo grupo francês de mídia em meados de setembro, de 42 reais.

Em outubro, a Telefónica se dispôs a pagar 48 reais por ação da GVT e em seguida ela mesma subiu a oferta para 50,50 reais.

O edital do leilão --que tem a Telesp como compradora e está marcado para as 15h na Bovespa-- tem uma série de condições, com destaque para a exigência de aquisição de ao menos 51 por cento das ações do capital social da GVT.

"Não tem condição de acontecer nada amanhã, dada a condição de ter pelo menos 51 por cento de adesão", observou a analista Luciana Leocadio, da corretora Ativa.

"Também não faz nenhum sentido um investidor vender o papel a 50,50 reais para a Telefónica sabendo que a Vivendi fará uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) a 56 reais", acrescentou.

A Vivendi informou no final da semana passada que, a 56 reais por ação, já garantiu a compra de 37,9 por cento das ações da GVT junto a investidores e que tem opção irrevogável para adquirir mais 19,6 por cento do total.

Poucos no mercado acreditavam que o grupo francês voltaria à carga na disputa pela GVT, por ser avesso, historicamente, a entrar em guerras de preços por ativos.

Procurada, a Telefónica informou, por meio de sua assessoria de imprensa no país, que não se pronunciaria além do esclarecimento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta tarde, de que a Telesp comparecerá ao leilão.

A CVM, por sua vez, informou que não "há o que comentar no momento", já que a oferta pública está em andamento.

O artigo 261 da lei 6404/76, que dispõe sobre as sociedades por ações, estabelece que um ofertante pode melhorar as condições de preço até 10 dias antes do término do prazo da oferta --o que na prática impossibilitaria uma ofensiva da Telefónica de última hora.

Além disso, o próprio presidente da Telefónica no Brasil, Antonio Carlos Valente, afirmou que o valor de 50,50 reais por ação para comprar a GVT era a "oferta máxima que poderíamos fazer levando-se em conta as sinergias".

No início da semana passada, executivos da unidade brasileira da Telefónica disseram que a empresa detinha 100 ações da GVT, compradas no mercado.

O objetivo da modesta aquisição foi acompanhar a assembleia de acionistas da GVT, realizada em 3 de novembro, que retirou do estatuto da companhia o mecanismo para evitar que ela fosse alvo de ofertas hostis de aquisição, conhecido como "poison pill".

A derrubada da "poison pill" era condição para que Vivendi e Telefónica seguissem adiante com seus planos de comprar a GVT. Na ocasião, a Telefónica se absteve de votar, alegando conflito de interesse.

As ações da GVT terminaram esta quarta-feira valendo 0,46 por cento, a 54,90 reais.

(Por Cesar Bianconi)

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