Na rotina de diversão das irmãs Larissa (7) e Stefanie Mataruco (4), não são mais as madeixas loiras da Barbie que prendem a atenção das meninas. A onda agora é o computador.
Na volta da escola, Larissa liga a máquina e convida a caçula para passearem juntas pelos sites da Disney. As garotas também já sabem que não é preciso esperar o desenho favorito começar na TV. Basta entrarem em sites de compartilhamento de vídeos para assistirem às suas animações preferidas— quantas vezes quiserem.
É certo violar a privacidade dos filhos para protegê-los na Internet?A mais velha vai além: criou um perfil no Orkut e, com a ajuda da mãe, Soraya Mataruco, divide as fotos das últimas festas em álbuns. "As meninas têm aula de informática na escola, estão acostumadas aos cliques e sempre descobrem coisas novas na Web", conta a mãe.
O que as meninas —e os pais da maioria das 1,35 milhão de crianças que navegam pela Web— não se dão conta é que a diversão proporcionada pela Internet, se não monitorada, pode trazer perigos tão reais quanto os temidos na rua.
Segundo dados da ONG
Safernet, que cuida da Central Nacional de Denúncias por Crimes Cibernéticos, o número de páginas denunciadas por divulgação de pedofilia e exploração sexual de crianças no Brasil cresceu 126% entre 2006 e 2007 devido à popularização do uso do computador, inclusive entre as crianças.
Confira nesta reportagem (navegue pelos links ao lado) dicas para manter
seu filho longe dos criminosos digitais,
programas de monitoramento,
sistemas de controle de pais e como identificar se a criança foi
vítima de cyberbullying.
Novas preocupações"A Internet democratiza a informação, mas muitos pais não estão preparados para identificar que, assim como na rua, a vida na rede também tem perigos. Acham que, enquanto as crianças estão em casa, na frente do PC, estão protegidas", explica Sérgio Suiama, procurador da República no Estado de São Paulo e participante de um grupo de oito procuradores responsáveis por investigar crimes de racismo e ódio na Internet.
O despreparo dos pais, segundo o delegado da Polícia Federal e responsável pela Unidade de Repressão aos Crimes Cibernéticos Adalton Martins, deve-se à falta de familiaridade com o computador: "as crianças já nasceram na era digital, enquanto os pais ainda são da época da máquina de escrever", compara.
E é justamente a falta de conhecimento tecnológico dos pais somada ao crescimento dos PCs que impulsiona o aumento dos crimes digitais contra crianças, especialmente a pedofilia.
"Para reduzir os riscos, o diálogo é a chave que vai garantir uma navegação segura", explica Carolina Padilha, coordenadora de programa da ONG
WCF-Brasil, que defende os direitos da criança e adolescente.
Mas, aliadas à conversa, algumas
medidas práticas que podem ser adotadas pelos pais, como acompanhar as fotos postadas pelos filhos em sites de relacionamento, monitorar quem são os seus amigos virtuais e orientá-los em cadastros e acessos. Em alguns casos,
softwares de bloqueio de páginas e
programas de monitoramento podem auxiliar na tarefa.