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Conexão 4G chega às cidades-sede da Copa das Confederações no prazo, mas com limitações

Do UOL, em São Paulo

30/04/2013 00h10Atualizada em 30/04/2013 12h34

A rede 4G, telefonia de quarta geração, deve ser instalada até esta terça-feira (30) pelas operadoras Claro, Oi, Tim e Vivo nas seis cidades-sede da Copa das Confederações, conforme prazo estabelecido pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). O 4G chega, no entanto, com limitações: além de cobrir apenas 50% da área urbana dessas localidades, os planos são caros e o número de smartphones à venda no Brasil, compatíveis com a tecnologia, é pequeno.

Voltada especificamente para o tráfego de dados, a rede 4G permite conexão de internet que pode chegar a 50 Mbps (Megabits por segundo), cerca de 50 vezes a velocidade utilizada em planos 3G convencionais, de 1 Mbps. Para acessá-la, é necessário ter um smartphone, tablet ou modem compatível com a tecnologia.

Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA), cidades-sede da Copa das Confederações, são as primeiras a receber o 4G, de acordo com determinação da Anatel ao leiloar as faixas de frequência para operação da rede. Além dessas seis cidades, a operadora Claro também oferece o serviço em Búzios (RJ), Campos do Jordão (SP), Curitiba (PR), Parati (RJ), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP).

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Até 31 de dezembro deste ano, todas as quatro operadoras devem oferecer o 4G em mais seis cidades, que compõem o grupo que sediará as competições da Copa do Mundo de 2014: São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Manaus (AM) e Natal (RN).  No intuito de atender ao prazo, Oi e Tim fizeram uma parceria para compartilhar a infraestrutura da rede, assim cada operadora fica responsável por atender uma localidade. A TIM atenderá São Paulo, Natal e Curitiba, enquanto a Oi fica com Manaus, Porto Alegre e Cuiabá.

Além desses prazos iniciais, a Anatel determinou que todas as capitais do país e os municípios com mais de 500 mil habitantes devem ter rede 4G até dezembro de 2014. As cidades com mais de 200 mil habitantes devem ser atendidas até dezembro de 2015, e as com mais de 100 mil habitantes, até dezembro de 2016. Os municípios que têm entre 30 mil e 100 mil habitantes serão atendidos até dezembro de 2017.

Preços altos

Por enquanto, apenas as operadoras Claro e Oi divulgaram os preços dos planos com internet 4G em cidades específicas. Para smartphones, os preços partem de R$ 98 mensais (promocional). No caso de computadores e laptops, é preciso considerar a aquisição do plano com preços a partir de R$ 79,90 (subsidiado) e do modem, a partir de R$ 100 (subsidiado).

Para quem ainda não é cliente da operadora ou não quer um plano com fidelização, o valor do 4G é bem "salgado" e dados pode variar de acordo com a localidade e operadora. Por isso, os valores citados abaixo servem apenas como referência.

Pela Claro em São Paulo, o plano mais barato para smartphones custa R$ 219,30 por mês, com 100 minutos de ligações para outras operadoras e 5 GB de limite para download. Para quem quiser utilizar internet 4G via modem, no PC ou laptop, o preço da mensalidade começa em R$ 79,90 com franquia de 2 GB. O modem sai por R$ 199.

Em Recife, o plano com 200 minutos de chamadas locais para fixo e qualquer celular, de até 5 GB em downloads, custa R$ 229,70 por mês. O mesmo plano em Curitiba é vendido por R$ 241,70. Outro plano da Claro, de 400 minutos, custa em Recife R$ 287,72 mensais. Em Curitiba, é vendido por R$ 303,72 mensais.

No Rio de Janeiro, a Oi iniciou a oferta do 4G com um plano promocional de R$ 98 por mês, com R$ 300 de desconto na compra do smartphone e 5 GB de limite para download. Já o preço promocional para laptops e tablets, atrelado a plano de fidelidade, será de R$ 188 por mês, com 10 GB de limite de download e modem 4G por R$ 99. Sem vinculação a planos, o serviço 4G sai por R$ 249,90 mensais e o modem 4G custa R$ 699. Os valores cobrados nas demais cidades podem ser consultados no site da operadora.

A venda de planos 4G nas outras cinco cidades-sede da Copa das Confederações ocorrerá, segundo a Oi, na primeira quinzena de maio. Os preços dos planos ainda não foram anunciados.

Poucos aparelhos compatíveis

Quem pretende usar a tecnologia 4G no país deve ficar atento à compatibilidade dos dispositivos móveis com a rede brasileira, que funciona nas faixas de 2500 Mhz (Megahertz) a 2690 Mhz.

Aparelhos como o iPhone 5 e o novo iPad, mesmo os comprados no Brasil, não funcionam na faixa de frequência da rede daqui. Caso o usuário esteja pensando em comprar algum tablet ou smartphone no exterior, deve verificar se os aparelhos funcionam nessas faixas de frequência.

São vendidos no Brasil, compatíveis com a rede 4G daqui, smartphones com preços a partir de R$ 1,449. São eles: Motorola Razr HD, Samsung Galaxy S III, Nokia Lumia 920, Nokia Lumia 820, Optimus G e o Sony Xperia ZQ.

O Galaxy S4 ainda não começou a ser vendido pela Samsung no Brasil, mas terá uma versão compatível com a frequência do 4G nacional. Outro aparelho que será vendido em breve com a tecnologia é o BlackBerry Z10.

No caso dos tablets, as alternativas são bem escassas. A Claro anunciou no começo do ano que venderia versões com 4G do Galaxy Tab 10.1 e do Galaxy Note 2, da Samsung. A data exata do início das vendas, no entanto, ainda não foi anunciada.

Associação contesta oferta

A  Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) enviou um ofício à Anatel na segunda-feira (29) questionando a oferta do serviço 4G. Segundo a entidade, a limitação de download imposta pelas operadoras retira a vantagem da alta velocidade proporcionada pelo 4G  -- e usada pelas empresas como chamariz ao produto.

Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste, disse à “Agência Brasil” que o consumidor passará por uma situação similar à de uma pessoa que "paga por uma carruagem que no meio do caminho vira abóbora". Segundo ela, quem contrata o serviço 4G quer transmitir grande quantidade de dados de forma rápida. Portanto, se as operadoras põem um limite de quantidade de dados e decide que, ao atingi-lo, a velocidade da rede diminui, elas não estariam cumprindo a oferta anunciada.

Isso pode ser caracterizado como propaganda enganosa, porque aparelhos mais caros serão usados para velocidades menores. Além disso, os aparelhos usados atualmente para a faixa de 2500 Megahertz não poderão ser usados também para a faixa de 700 MHz, com previsão de serem leiloadas no ano que vem.

"Ou seja, depois de assinar o contrato de fidelidade com a operadora e se dar conta da limitação de download, o consumidor que precisa transmitir e receber grande quantidade de dados se verá na obrigação de aderir a um outro plano, certamente mais caro. Além disso, se quiser migrar para outra operadora, da faixa de 700 MHz, ele terá de adquirir outro aparelho", explicou Maria Inês.

4G pode(ria) desafogar rede 3G

A rede 4G, segundo especialistas, poderia ajudar a descongestionar o 3G, alvo de reclamações constantes de consumidores pela instabilidade de sinal. Mas ela enfrenta os mesmos problemas que sua "irmã mais velha": leis que atrasam a implantação de novas antenas.

De acordo com Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, a chegada da nova rede pode ajudar a "desafogar" o acesso à internet móvel. Isso porque os usuários que desejam internet móvel mais veloz tenderiam a migrar de seus planos 3G para o 4G, cuja velocidade de conexão pode chegar a 50 Mbps (megabits por segundo), liberando "espaço" para outros se conectarem à rede antiga. Quanto menos pessoas conectadas a uma mesma "célula" da rede, maior é sua velocidade para trafegar dados. "A tendência com a chegada do 4G é a melhoria da rede como um todo", frisa.

A possibilidade de haver liberação do 3G é reforçada por Eduardo Levy, diretor-executivo do SindiTeleBrasil, sindicato das operadoras. "O 4G deve atender a uma alta demanda existente de usuários com consumo altíssimo de dados. Mesmo que inicialmente não haja tantos clientes, aqueles que optarem pelo 4G vão ajudar a descongestionar o 3G", diz.

Essa ''vantagem'' pode ter um contraponto, segundo Ruy Bottesi, presidente da AET (Associação dos Engenheiros de Telecomunicações). Ele acredita que a demanda de consumidores pela internet 4G pode fazer com que investimentos na expansão das redes com tecnologia antiga diminuam.

"As operadoras vão seguir a rentabilidade maior. Se a receita com o 4G pode aumentar, não há sentido em investir em 2G e 3G", diz. Sem a expansão dessas redes, segundo ele, poderia haver um congestionamento de usuários dentro de uma mesma área de cobertura.

(Com Agência Brasil)