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09/07/2009 - 10h32

Bing, o imitador, frequentemente se sai melhor que o Google

DAVID POGUE
Nos últimos 15 anos, o plano de negócios da Microsoft parecia ser: "Espere até que alguém tenha um sucesso. Então copie".

Eu sei que soo malvado, mas qualé - a lista de sucessos comerciais/ imitações da Microsoft é tão longa quanto seu braço. PalmPilot/ PocketPC. Netscape Navigator/ Internet Explorer. Mac OS X/ Windows Vista. Apple iPod/ Microsoft Zune.

Você pensaria que a Microsoft se sentiria encabulada após algum tempo.

E agora temos mais um esforço do tipo "eu também". É algo chamado Bing e é a mais recente iteração da tentativa multianual da Microsoft de imitar o Google.

O nome, presumivelmente, visa evocar o som do sino da vitória de um game show. Os cínicos online, entretanto, brincam que Bing é uma sigla para "But It's Not Google" (mas não é o Google).

Mas aqui está o choque: de muitas formas, o Bing é melhor.

É uma declaração e tanto, é claro - quase heresia. Mas cheque pessoalmente. É fácil comparar os dois, graças a sites como bing-vs-google.com. Aqui, você vê os resultados de busca tanto no Bing quanto no Google, lado a lado, em uma tela dividida.

Inicialmente, o Bing é basicamente o Google. Ah, existe uma grande foto estilo National Geographic na página inicial em vez da página toda branca, mas fora isso é o mesmo: uma caixa de busca; um menu que oferece completar o que você está digitando; e links para Imagens, Vídeos, Notícias, Compras e Mapas.

Assim que você aperta Pesquisar, entretanto, não dá para deixar de notar o esforço mais orquestrado do Bing de obter as respostas mais rapidamente. Para minimizar os cliques, a procura, os becos sem saída.

Para começar, que tal esta como função dos sonhos? Aponte para qualquer resultado de busca sem clicar; um balão pop-up mostra para você os primeiros parágrafos de texto na página. Sem deixar a lista de resultados, você sabe se será útil. Simples - e irresistível.

Aqui está outro exemplo. No Google, os resultados de busca geralmente aparecem em uma longa lista de links em texto azul. Ocasionalmente, uma foto também aparece. Ou, se há apenas uma resposta possível para sua busca (clima, preço de ações, resultados esportivos, endereços), você recebe a resposta certa no topo: uma previsão do tempo para cinco dias, um quadro de ações, o placar atual dos jogos, um mapa de rua. Nesses casos, você não precisa clicar nada na lista de resultados de busca.

O Bing também faz tudo isso. Mas também expande aqueles resultados "me deixe interpretar tudo isso para você" - de uma forma grande, bela e muito bem-sucedida - ao introduzir um novo painel à esquerda dos resultados de busca.

Por exemplo, se você busca por um nome de celebridade, aquele espaço oferece uma relação atraente de links de bom senso: Notícias, Filmes, Frases, Biografia e Imagens. Quando você busca por um time esportivo, você vê Tabela, Ingressos, Estádio, História e Papel de Parede. Quando você procura por um problema de saúde, aquela relação oferece Causas, Remédios, Tratamento, Diagnóstico e Notícias.

Não são essas quase sempre as respostas que você realmente está procurando?

Aquele painel também lista Buscas Relacionadas, que exige um clique e nenhum pensamento. Se você procurou "churrasco", ele oferece Grelhas, Receitas, Carnes e assim por diante.

Finalmente, o mesmo painel mantém seu histórico de buscas, para economizar o trabalho de reformular suas pesquisas. (Ele também oferece botões para Desativar e Limpar Tudo, em prol de... bem, vocês sabem quem vocês são.)

Sim, esse painel à esquerda cria mais amontoamento; o apelo do Google sempre foi seu visual limpo. Mas é um espaço que vale a pena.

Tanto o Bing quanto o Google oferecem uma página de Pesquisa de Imagens, onde você pode encontrar fotos na Internet de qualquer um e qualquer coisa. No Bing, entretanto, a página de resultados rola para sempre - você não precisa ficar clicando Mais, Mais, Mais. Um número maior de fotos também cabe em menos espaço, já que todos os detalhes em texto (número de pixels, nome do arquivo, site de origem) ficam escondidos até você apontar na miniatura. E você também pode ajustar o tamanho da miniatura.

As opções no painel à esquerda permitem que você limite os resultados de imagem de várias formas: por tamanho, por tipo de gráfico, até mesmo fotos "apenas de rosto" ou "cabeça e ombros". Incrível.

Como no Google, você pode procurar por vídeos. Mas no Bing, você conta com uma prévia dos resultados bem mais eficiente. Apenas aponte para uma miniatura (sem clicar) nos resultados de busca e trecho de amostra do vídeo, sete segundos por vez, começa a passar lá mesmo na miniatura.

As demais vantagens do Bing supostamente derivam das quatro grandes categorias de pesquisa: informações de viagem, compras, saúde e negócios locais. Estes tipos de busca produzem telas especiais que trucidam as listas do Google que vitrificam o olhar - às vezes.

Por exemplo, quando você está comprando um produto em particular - "Canon SD870", por exemplo - o resultado principal é um quadro resumindo tudo o que você queria saber: uma foto, preço, avaliação média e até mesmo um gráfico de qualidade da Foto.

(Os resultados de compras do Bing também deixam claro quando você terá de 1% a 5% de dinheiro de volta, cortesia do programa Cashback da Microsoft. Basicamente, a Microsoft repassa para você parte dos lucros que recebe dos 540 anunciantes online, como J&R, Hewlett-Packard, Gap e outros. Pagar para que você use o Bing para fazer compras parece algo desesperado e um tanto sujo por parte da Microsoft, mas é dinheiro de verdade, e você pode muito bem explorar isso enquanto durar.)

Quando você procura por passagem aérea, um painel semelhante oferece a mais barata ("US$ 259 JFK-LAX") e oferece links para outros negócios. Um ícone proeminente diz se os preços estão prestes a subir, cair ou permanecer como estão. Esse detalhe é oferecido pela Farecast.com, que a Microsoft comprou no ano passado por US$ 115 milhões.

Infelizmente, essas funções nem sempre funcionam. Você recebe o resumo de informações de compra para a "Canon SD870", mas não para "Nikon D5000", muito menos para "Palm Pre", "TiVo HD" ou "iPod Nano". (A Microsoft aponta que o painel de resumo aparece com maior frequência se você clicar o link de Compras antes de pesquisar. Mas qualé - quem tem tempo para isso?)

De forma semelhante, é difícil prever quando os ícones de previsão de passagens aparecerão. Na semana passada, eles apresentavam alta quando pesquisada a rota "Chicago para Atlanta", mas não quando você usava os códigos correspondentes dos aeroportos ("ORD para ATL"); a Microsoft consertou isso nesta semana. Mas as previsões de passagens não estão disponíveis para aeroportos menores (Cleveland, New Orleans, Washington National).

Resumindo, essas buscas especiais muito alardeadas do Bing deixam um pouco a desejar.

O Google ainda está bem à frente em outros tipos de buscas, como sessões de cinema: você tem uma lista completa dos filmes nas proximidades, completa com trailers, críticas e até mesmo links para o IMDB.com (banco de dados de cinema da Internet).

O Google também vence em mapas e direções de trânsito; ele oferece funções como o Street View (fotos reais ao longo de sua rota) e a capacidade de arrastar a linha de rota colorida para rotas alternativas com seu mouse (para evitar congestionamento ou tomar um atalho favorito).

Por outro lado, o Bing oferece buscas de trânsito (como "traffic nyc"), onde você obtém um mapa com código de cores das atuais velocidades de trânsito sem ter que pesquisar. Também é excelente com pesquisas de nomes de empresas; o número do telefone do atendimento ao cliente aparece bem ao lado da lista de resultados.

Mas os serviços de busca estão em mudança constante. Eles estão online, de forma que seus criadores prosseguem em seu aperfeiçoamento sem que você precise instalar algo. O Bing continuará melhorando - assim como, inevitavelmente, o Google. Se o Google não responder tornando seus próprios resultados de busca mais administráveis como os do Bing, eu comerei meu chapéu.

Além disso, fora o básico, o Bing ainda é um bebê. Ele carece de alguns dos serviços adicionais maduros do Google, como busca por livros e Google News (o jornal online faça você mesmo).

Finalmente, as pessoas não vão começar a abandonar o Google em massa; o Google é um hábito. Todo mundo já sabe como usá-lo e pode já estar inserido em seu próprio browser. Mas se você dá valor ao seu tempo, você deveria pelo menos experimentar o Bing.

Colocando de outra forma, mesmo se Bing realmente significar "Mas não é o Google", isso não é necessariamente um insulto.

Tradução: George El Khouri Andolfato

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