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15/03/2006 - 13h09

CeBit 2006 termina com união de mídias e sem inclusão digital

Marcilio Kimura
enviado especial a Hanover
Os grandes destaques da CeBit 2006, encerrada nesta quarta-feira, foram a massificação da TV digital, a convergência de mídias em um só equipamento e a automação das vendas no varejo. A grande carência foi a falta de programas de inclusão social, cultural e digital.

Diante dos quase 450 mil visitantes, as fabricantes de portáteis para imagens abusaram da Copa do Mundo - a audiência ficou abaixo do previsto, segundo a organização (475 mil), devido principalmente ao frio (0º C em boa parte dos sete dias, enquanto a média para o início da primavera é de 10º durante o dia).

Divulgação 
Visitantes experimentam realidade virtual no estande da T-Mobile
O lema foi a possibilidade de assistir a todos os jogos, ao vivo, em celulares, laptops, PDAs (assistente digital pessoal), PMPs (tocador pessoal de mídia) e computadores de bordo. Plataformas para o chamado "triple play" (Internet, TV e telefone), antenas para captação do sinal digital, chip dual core e telas com maior resolução e que consomem menos energia são as últimas novidades em imagem.

Os sinais podem chegar com alta velocidade via streaming ou UMTS (sistema universal de telecomunicação móvel), baseado em HSDPA (conexão de alta velocidade via satélite), que atingem 384 kbit/s.

Para quem não pode torcer ao vivo, alguns drives de armazenamento anunciam a gravação da partida em alta definição, para ser vista em qualquer hora e lugar. Para quem está em casa ou em bares, os monitores cresceram, e os de 65" já chegam às lojas (o maior é o protótipo da Panasonic de 103"). E, para quem vai ao estádio, celulares que tiram fotos com resolução de até 10 megapixels.

Fanatismo por futebol à parte, a fusão de equipamentos com prioridade ao entretenimento fez com que a grande atração da feira fosse o Origami, tablet que já havia sido desenvolvido, mas sem agregar a maior empresa de software do mundo (Microsoft), a maior fabricante de processadores (Intel) e o maior investidor desta edição da CeBit (Samsung).

O gadget, no entanto, sofreu críticas por ser incipiente - vai receber outro sistema operacional ainda neste ano, com o Windows Vista; rumores apontam para um novo chip para tablets; sua bateria dura apenas 3 horas e meia (2 horas em DVD); e a tela sensível a toque deve precisar de uma película de proteção para não ser arranhada com facilidade.

De qualquer forma, essa novidade deve demorar para "pegar" no Brasil, devido não só ao preço (top de linha por cerca de US$ 1.000), mas também por causa do alto índice de violência no país.

A convergência também inclui o GPS tridimensional e o MP3, como o handheld Loox T, da Fujitsu/Siemens: um computador de mão com celular, GPS, câmera de 2 megapixel, filmadora VGA (resolução de 640 x 480), VoIP, conexão wi-fi WLan 802.11 b/g e bluetooth V2.0. Roda em Windows Mobile 5.0 e custará 700 euros no lançamento, em julho.

RFID

O sistema de identificação por radiofreqüência sai do meio corporativo para entrar nos lares. No estande da rede varejista Metro, os eletrodomésticos dotados de RFID ganham inteligência.

A geladeira informa ao seu PC que produtos estão faltando ou com data de validade vencida. A lavadora de roupa sabe a quantidade de água, sabão, amaciante e o modo de lavar, com as informações contidas nas peças. O microondas lê as informações da embalagem e regula a potência e o tempo exato para o alimento.

Essa tecnologia vai ser empregada nos ingressos da Copa, para evitar falsificação, e em criação de animais, para evitar roubos. Até então, era exibida como inovação e agilidade no controle de mercadorias - sem necessidade de funcionários, o sistema automaticamente cataloga e gerencia os dados de tudo que entra e sai da empresa.

Consumismo

A CeBit centra sua força nos negócios e no incentivo à adoção de novas tecnologias. O barateamento da produção é baseado em automação, plataformas Linux para gestão de empresas e desenvolvimento de soluções em países pobres.

Divulgação 
Estande de desenvolvedora de soluções corporativas com Linux
A população de baixa renda entra no evento mais como fornecedora de mão-de-obra. Produtos para esse consumidor ou aos portadores de deficiências são raríssimos entre os 6.262 expositores, ficam diluídos pelos 27 pavilhões e ocupam a periferia deles.

A empresa sueca Tobii comercializa computadores que podem ser controlados pelo olho, para deficientes físicos. A digitação e o controle do mouse são feitos por meio de sensores que lêem a direção da pupila.

A Centril lançou juntamente com o início da feira um concurso mundial de projetos em código aberto.

E a Pharmakon desenvolveu um serviço 24 horas para fornecer, por telefone, informações contidas em bulas de remédio para deficientes visuais.


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