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16/10/2007 - 07h00

Notebooks 'durões' agüentam de acidentes de trabalho a rigores do campo de guerra

Rafael Rigues

Para o UOL Tecnologia
Quem usa notebooks rotineiramente provavelmente já passou pela desagradável experiência de derrubar sua preciosa máquina da mesa ou derramar um copo inteiro de café quente sobre o teclado em um gesto desastrado. Ou ainda cometer o erro de despachar o notebook como bagagem em uma viagem de avião ou ônibus e encontrar a tela rachada ao desembarcar e desfazer as malas, resultado da tradicional falta de cuidado no manuseio de bagagens exibida pelas empresas de transporte. Depois daquele insuportável aperto no coração (e no bolso), a primeira reação é tentar calcular o tamanho do prejuízo, que como toda desgraça sempre vem na hora mais imprópria.

Nesses momentos um notebook resistente (em inglês "rugged", que numa tradução livre pode ser chamado de "robusto") poderia evitar muito aborrecimento. Caiu? Sacuda a poeira e continue trabalhando. Derramou algum líquido? Vire de cabeça para baixo para escorrer o excesso, passe um paninho para secar e ele estará novo. Profissionais que trabalham em campo, como engenheiros da construção civil, também podem se beneficiar destas máquinas e deixar de ter medo de calor, poeira e vibração, comuns no dia-a-dia.

Elas também são uma opção atraente para praticantes de esportes radicais —um notebook comum nunca agüentaria o tranco de um rali como o Dacar, por exemplo, com seu trajeto esburacado, calor literalmente desértico e eventuais tempestades de areia. Ou as baixas temperaturas de uma escalada na montanha.

Sem falar nas forças militares, que dependem cada vez mais de informação obtida eletronicamente e têm de lidar com situações ainda mais extremas em campos de batalha.

Chassi resistente
São várias as técnicas usadas para proteger um notebook. Metais como o magnésio são usados no chassi, substituindo o plástico. Discos rígidos são equipados com sistemas de absorção de choque (com revestimento de gel, borracha ou espuma) e acelerômetros que captam movimentos bruscos, como quedas, e recolhem as cabeças de leitura/gravação para evitar danos aos pratos onde os dados são armazenados. Teclados são selados para evitar a entrada de líquidos e pó, e portas e conectores também são protegidos com tampões de borracha. Alguns modelos sequer têm saídas de ventilação para dissipar o calor do processador para o ambiente, porque isso também representa uma porta de entrada para água e pó. Em vez disso, todo o chassi é usado como um grande radiador.

Claro que tudo isso tem seu preço. Notebooks reforçados são mais caros e mais pesados que os modelos comuns. Além disso, a necessidade de proteção representa um desafio para os engenheiros e é um dos motivos pelos quais os modelos mais resistentes não costumam ser equipados com o que há de mais moderno em componentes: em um modelo sem saída de ventilação, por exemplo, o calor gerado pela combinação de um processador e uma placa de vídeo topo de linha seria insuportável. O lema destas máquinas não é "para ontem", mas de certa forma "devagar e sempre".

Disciplina Militar
Ao desenvolver suas máquinas resistentes, os fabricantes tomam como parâmetro um documento desenvolvido pelo exército norte-americano chamado MIL-STD-810F (Military Standard 810, Revision F), que especifica as várias condições sob as quais equipamento eletrônico, como computadores, tem de operar para ser adotado pelo exército norte-americano no campo de batalha. Extremamente detalhado, o documento apresenta 25 situações extremas que as máquinas tem de enfrentar —entre elas calor, frio, umidade, impacto, vibração, poeira (inclusive tempestades de areia), explosões e até mesmo ataques por fungos, que podem proliferar em ambientes quentes e úmidos, como o interior do computador em uma floresta tropical, e destruir a máquina.

Mas as máquinas que estão no mercado não passam em todos os 25 testes —na média os fabricantes testam seus modelos para o mercado civil em seis categorias de perigos mais comuns: impacto, umidade, calor, frio, vibração e poeira. Afinal, um executivo não vai precisar de uma máquina resistente a explosões.

Alguns fabricantes, como a Panasonic (uma das líderes neste setor), subdividem seus modelos em categorias como "business rugged", com proteção contra acidentes comuns no escritório como quedas e derramamento de líquidos, "semi rugged", resistentes a poeira e extremos de temperatura e "fully rugged", máquinas que aguentam qualquer tranco.

Cabe ao usuário, na hora da compra, consultar a documentação fornecida pelo fabricante para determinar qual o nível de resistência garantido e se o computador atende às suas necessidades.

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