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04/11/2010 - 20h06 / Atualizada 04/11/2010 - 20h24

Comentários racistas de estudante brasileira no Twitter ganham repercussão internacional

Da Redação
  • Reprodução

    'Daily Telegraph' reproduz mensagem em que a brasileira escreveu: 'afunda Brasil. Deem direito de voto pros nordestinos e afundem o país de quem trabalha pra sustentar os vagabundos que fazem filho pra ganhar o bolsa 171'.

Os comentários racistas feitos pela estudante Mayara Petruso no Twitter e Facebook depois da eleição da presidente Dilma Rousseff, no domingo (31), ganharam atenção na mídia internacional. A publicação britânica “Daily Telegraph”, a agência de notícias Associated Press e a “Fox News” publicaram a notícia. O “Daily Telegraph” afirma logo no título que a estudante de direito pode ser presa por ter iniciado uma onda de comentários preconceituosos no Twitter. A estudante postou, por exemplo: “Nordestisto [sic] não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado.” A imagem acima, divulgada na publicação britânica, foi reproduzida do Facebook e mostra uma crítica da brasileira ao Bolsa Família.

A jovem que mora em São Paulo está sendo processada pela OAB-PE pelos crimes de racismo e incitação pública de ato delituoso. O crime de racismo, além de inafiançável, tem pena que varia entre dois e cinco anos de cadeia. Já o de incitação pública a delito varia de três a seis meses de detenção.

Nesta quinta-feira (04), a OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo) divulgou uma nota repudiando as ofensas ao povo nordestino na internet. Não podemos tolerar atitudes xenofóbicas, racistas, preconceituosas e intolerantes nas redes sociais. Insultar ou pedir a morte, de quem quer que seja, receberá nosso repúdio, especialmente vindo de uma estudante de Direito”, afirmou Luiz Flávio Borges D’Urso, referindo-se ao caso de Mayara Petruso.

“Que a reação generalizada de repúdio da sociedade brasileira  sirva de exemplo a essa estudante e aos  demais usuários dos sites de relacionamentos,  para que tenham responsabilidade sobre as opiniões que expressam e o que escrevem”, advertiu D’urso da OAB-SP.

Em função da repercussão do caso e de vários usuários ligarem a jovem a um escritório de advocacia, a empresa emitiu uma nota informando que repudia as declarações da estudante e que a jovem, de fato, havia trabalhado lá, porém foi demitida antes do ocorrido. "Com muito pesar e indignação, lamenta a infeliz opinião pessoal emitida, em rede social, pela mesma, da qual apenas tomou conhecimento pela mídia e que veemente é contrário, deixando, assim, ao crivo das autoridades competentes as providências cabíveis."

"Como uma acadêmica de Direito promove um ato tão degradante?" questionou Henrique Marino, presidente da OAB-PE. Caso ela tenha registro na OAB-SP, a divisão da entidade de Pernambuco entrará com um processo administrativo para cassar a licença da jovem.

Henrique Mariano alega que a ação tem como base uma reportagem de “O Diário de Pernambuco”. No texto divulgado na segunda-feira (1), a publicação relata como os usuários brasileiros do microblog trocaram provocações após @mayarapetruso (o perfil já foi deletado) ter manifestado com a frase preconceituosa sua insatisfação com a vitória de Dilma.

Orgulho nordestino
Os tuiteiros reagiram e criaram a campanha #Orgulhodesernordestino, que ficou entre os termos postados no Twitter em todo o mundo, segundo os “Trend Topics” do microblog. O caso ganhou destaque no site Xenofobianao, com imagens de tuítes dos internautas que fazem críticas ao nordeste e nordestinos. Também no fórum de UOL Jogos, os usuários debatem o tema e destacam mensagens de preconceito na web.

Diante da reação em massa, a jovem escreveu no início da semana um pedido de desculpas em sua página no Orkut: “minhas sinceras desculpas ao post colocado no ar, o que era algo para atingir outro foco, acabou saindo fora de controle. Não tenho problemas com essas pessoas, pelo contrário. Errar é humano. Desculpas mais uma vez”. Nesta quarta (3), o texto já não é mais exibido; aparentemente, sua página foi invadida e o conteúdo, trocado.

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