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20/01/2011 - 07h02 / Atualizada 04/04/2011 - 14h30

Sites de compras coletivas dão lições de empreendedorismo na Campus Party 2011

RODRIGO VITULLI||Do UOL Tecnologia
  • Sites de compra coletiva atingiram em 2010 a marca de US$ 500 milhões em faturamento

    Sites de compra coletiva atingiram em 2010 a marca de US$ 500 milhões em faturamento

“No começo, a gente juntava porta, caixote para poder colocar o computador em cima. Depois, a empresa foi crescendo, mais gente foi chegando, e nós tivemos de comprar mais portas, mais mesas...” Dessa maneira, Marcelo Macedo relata o crescimento da própria empresa, o site de compras coletivas ClickOn. Ele e o criador do Compra 3, outra página de comércio eletrônico dessa mesma modalidade, participaram nesta semana de uma mesa redonda no evento de tecnologia Campus Party 2011, em São Paulo, sobre os pontos-chave dos desafios da inovação no Brasil e também sobre empreendedorismo.

Bola da vez para os inovadores do mercado de comercio eletrônico no Brasil, os sites de compra coletiva viraram em pouco tempo referência no setor, atingindo em 2010 a marca de US$ 500 milhões em faturamento. A maioria deles sequer existia há um ano, mas, em pouco tempo, aproveitaram uma demanda reprimida do mercado.

“A cultura do brasileiro aceitou muito bem nossa proposta de serviço. Assumimos o risco que todo novo negócio está sujeito. O resultado superou nosso prognóstico. O brasileiro abraçou a prática de compras coletivas como nenhum outro”, ressalta Marcelo Macedo. 

Hoje, o ClickOn tem mais de 2 milhões de usuários. Há cerca de um ano, era apenas uma ideia. Como seu criador gosta de dizer, ele juntou um "time campeão" e recursos financeiros para, depois de 18 anos de vida profissional, empreender. Assim como ele, milhares de empreendedores no mundo todo tentam um lugar de destaque no mercado digital, seja oferecendo produtos ou serviços. E a inspiração vem daqueles que já se deram muito bem -- Mark Zuckerberg, Steve Jobs e Bill Gates -- e fizeram história.

Riscos
Arriscar-se é um dos pontos iniciais. Criar um modelo de negócios planejado também. André Luiz Monteiro, cofundador da Compra 3, um site que enquadra-se no segmento de compras coletivas, conhece bem a importância de um projeto estruturado.

Há três anos e meio, ele trouxe ao mercado brasileiro o conceito de um segmento que, aos olhos do empreendedor ainda iniciante, poderia crescer no Brasil. Sua aposta e trabalho deram resultado e, depois de investimentos externos, o site é considerado um bom exemplo de empreendedorismo – daí o convite para seu criador contar a experiência profissional na Campus Party 2011.

“Quando você recebe investimento, tem a comprovação de que seu negócio tem futuro. Mas quando percebe a aceitação do consumidor e o usuário ‘viralizando’ sua marca, é fantástico. Ainda assim, o último nível é quando você recebe currículos de gente importante no mercado”, afirma Monteiro.

Parceria
Na fala de Adolfo Melito, Presidente do Conselho de Economia Criativa da Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), fica muito claro que, além de uma boa ideia, o empreendedor precisa de uma parceria eficiente para colocar o projeto em prática. Mas justamente esse pode ser um dos principais impasses. "Você precisa de um empresário que assuma o risco do investimento. Isso não é fácil porque não faz parte da cultura das empresas no Brasil. Aqui o perfil é conservador. Do contrário, o jeito é arriscar ou procurar outros meios ", completa.

No mercado internacional, a prática de investimento por parte de grandes companhias em empresas iniciantes é chamada de Venture Capital ou, como é popularmente conhecida, angel investors (anjos investidores). Aqui, o termo é “capital de risco”. Foi assim que aconteceu com as principais empresas de tecnologia do mundo: Microsoft, Apple e o já famoso e recente caso do Facebook. Claro que, além de idéias brilhantes – e isso os empreendedores que falaram na Campus Party fizeram questão de deixar bem claro – um bom protótipo e muito esforço são essenciais. 

Querer fazer
Uma empresa recém-criada, ainda em implementação e organização é conhecida no como uma startup. Apesar de pequena e em processo de formação, uma startup não está isenta das obrigações legais de toda empresa. Quadro de funcionários, impostos e alvarás são alguns dos encargos de qualquer empresário.

Mesmo assim, Cláudio D’Ipollito, doutor em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e consultor da área de Economia Criativa do Sebrae arrisca um palpite para minimizar a chance de errar. “Tem de querer fazer. Quem está a fim corre atrás e faz os contatos necessários para conseguir o capital de risco. Às vezes, as empresas investem em até 10 novas startups para colher resultados em apenas uma, mas o negócio é arriscar”. 

Alguém aí se arrisca?

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