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25/06/2011 - 16h22 / Atualizada 12/08/2011 - 16h37

Ataques de sábado indicam possíveis ações de outros grupos hackers contra o governo

Da Redação

PF investiga ataques a sites do governo

Os hackers brasileiros do grupo LulzSec usaram o Twitter para reivindicar todos os grandes ataques a sites do Governo brasileiro realizados desde a madrugada de quarta-feira (22). Até as 15h30 deste sábado, no entanto, o grupo não havia assumido a autoria de nenhuma das ações registradas durante o dia em várias partes do país – o que indica a possível adesão de outros hackers neste movimento de comprometer sites do governo.

O perfil do grupo no Twitter, o @LulzSecBrazil, teria mudado para @LulzSec_BR. Na primeira conta, nada foi postado durante o dia. Na segunda, noticiaram o vazamento de dados e também um ataque, mas nenhum referente àqueles noticiados durante o dia: ações contra os sites da UnB (Universidade de Brasília), das secretarias da Comunicação e da Administração do governo de Mato Grosso, da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, da Polícia Militar de Goiás e da Assembleia Legislativa do Amazonas.

Na ação contra a Assembleia Legislativa do Amazonas, um grupo denominado Sophia Hacker Group 2011 - Owned by Alternative, sem qualquer aparente ligação com o LulzSec, assumiu a autoria do ataque.

Pelo padrão de comportamento observado nos últimos dias, é muito provável que o LulzSec tivesse divulgado o sucesso desses ataques, caso fossem de sua autoria. Após analisar uma conversa sigilosa entre membros do grupo, a publicação britânica “Guardian” chegou a defini-los como “obcecados com a mídia”, por conta da forma como gostam de exibir seus feitos.

Como nada foi mencionado por eles, surge a possibilidade de outros grupos ou indivíduos terem aderido à causa. “No momento em que esses jovens ficam sabendo que um certo grupo, no caso o LulzSec, conseguiu chamar a atenção mundial por suas ações, imediatamente eles se identificam com o movimento [seja ele qual for] e passam a querer fazer parte dele, seja individualmente, seja formando grupos menores de interesses semelhantes, geralmente motivados por um ideário”, afirmou o especialista em tecnologia Carlos Alberto Teixeira, em sua coluna em "O Globo".

Para tirar sites do ar, os hackers geralmente realizam ataques de negação de serviço. Quando isso acontece, pessoas mal intencionadas tentam sobrecarregar um servidor com muitas solicitações de acesso ao mesmo tempo (diversos computadores tentando acessar um mesmo site). Os hackers utilizam muitas vezes redes de computadores zumbis (máquinas infectadas), que fazem – sem o consentimento ou conhecimento do dono – uma série de requisições até que o sistema-alvo não consiga suportar e saia do ar.

Na madrugada de quarta-feira, o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) registrou 34 milhões de ataques simultâneos contra sites do Governo -- no total, o número chegou a 2 bilhões. Os alvos da ação reivindicada pelo LulzSec eram os sites da Presidência, o Portal Brasil e também a página da Receita Federal.

Motivação
Uma manifesto hacker explica que a ação para derrubar os sites do governo brasileiro faz parte da operação AntiSec – investida do LulzSec com o grupo Anonymous contra páginas de governos de todo o mundo. “A LulzSec e o Anonymous acabaram de declarar guerra aberta contra todos os governos, bancos e grandes corporações do mundo. Eles estão convocando todos os hackers do mundo para se unirem ao propósito. O objetivo é expor corrupção e segredos obscuros“, diz o documento.

A reportagem do “Guardian”, no entanto, define o grupo LulzSec como desorganizado. Cita, por exemplo, casos em que um participante agiu sozinho, para então tomar bronca de Sabu, o suposto líder do grupo. Outro problema interno veio à tona na sexta-feira, quando um brasileiro foi exposto acusado de roubar senhas de cartão de crédito, segundo o "Jornal do Brasil".

Na quarta-feira, o UOL Tecnologia conversou com um dos representantes do braço local do LulzSec. Em entrevista realizada via sistema de bate-papo IRC, o hacker identificado apenas como bile_day afirmou que o objetivo das ações é “mostrar a podridão que está encubada no Governo”. Estamos reunindo documentos obtidos nas investidas que fizemos e iremos colocá-los a disposição para que todos os brasileiros vejam e se juntem a nós”, afirmou.

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