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17/08/2011 - 07h01 / Atualizada 17/08/2011 - 10h25

'Malucos' por gadgets chegam a gastar até metade do salário em eletrônicos; conheça

Rodrigo Vitulli || UOL Tecnologia

Talvez nenhuma categoria de produtos tenha tanta rotatividade quanto os eletrônicos. Faça um exercício e reflita: quantos celulares você já teve em comparação com óculos, geladeiras ou carros? Se você não é colecionador de nenhum desses itens mundanos, a tendência é que o número de telefones portáteis seja superior. Mas as funcionalidades trazidas com as novas tecnologias justificam as trocas constantes ou estamos caindo em uma espécie de vício por gadgets? O UOL Tecnologia ouviu especialistas e adoradores de eletrônicos para descobrir.

  • "Nunca deixei de namorar por causa disso", diz Tiago Coui, que costuma vender os gadgets usados

Funções diferentes

Tiago Coui, 27, é coordenador de uma empresa de exportação em São Paulo e entusiasta de novas tecnologias. Em seu catálogo pessoal já passaram eletrônicos como o celular Galaxy S (modelo I e II), iPad 2, Galaxy Tab, iPod Touch, Xbox, Playstation, entre outros.   Segundo Tiago, as peculiaridades de cada sistema tornam o produto essencial: “Não é uma questão de necessidade, e sim tecnologia. Reservo às vezes 10% do meu salário comprando todo tipo de equipamento eletrônico, não pelo simples fato de ter, mas porque cada um desses produtos agrega uma função diferente”.

Quando perguntado se consegue tempo e disposição para usufruir de todos os equipamentos a resposta é franca. “Falta, mas grande parte desses produtos eu consumo no trabalho ou em grupo, com os amigos, como no caso do ‘Rock Band’. Alguns estão encostados, mas já foram úteis. Quando minha prima entra no meu quarto, ela diz que parece uma loja de varejo, mas eu não ligo. Nunca deixei de namorar ou sair de causa por causa disso.”

Tiago acredita fazer parte do grupo dos “compradores conscientes”: eles sabem do alto custo desses produtos, mas dificilmente gastam mais do que podem. Além disso, dificilmente ficam apegados ao eletrônico a ponto de não vender ou doar o que já não usa mais.

  • Nícolas diz gastar até metade do salário com eletrônicos , mas sempre procura o melhor preço

Sempre à vista

O programador Nícolas Faccin, de 25 anos, também se classifica no grupo dos “conscientes”. Ele diz gastar até metade do salário em eletrônicos, mas alega ser comedido. “Prefiro compras à vista. Às vezes fico um pouco apertado, mas nunca dei o passo maior que a perna. Eu compro porque eu realmente preciso. Tanto na minha profissão, quanto no meu círculo de amizade, eu preciso estar atualizado. Mas eu pechincho e geralmente compro mais barato.”

Entre os produtos que Nícolas mais usa estão o Kindle, leitor digital da Amazon, o Kinect, acessório para o videogame Xbox, e um Mac Book Pro. “Me considero um dependente [de eletrônicos]. Mas pelo meu trabalho, seria difícil me afastar de tudo isso ou ficar sem referências do Google, por exemplo.”

Vício?

Em um recente estudo chamado “The World Unplugged” (O mundo não conectado, em tradução livre), pesquisadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, concluíram que sintomas de abstinência de produtos eletrônicos são comparáveis às sensações de abstinência de drogas, como cocaína e cigarro. Estudantes que se submeteram ao teste de ficar um dia inteiro sem acesso nenhum a smartphones, computadores ou videogames relataram sentimentos de agonia, pânico, dependência e paranoia. Seria a vontade de compra um sentimento intrinsicamente ligado ao vício da tecnologia?

A resposta para essa pergunta é: nem sempre. Segundo Hermano Tavares, psiquiatra de presidente do Anjoti (Associação Nacional do Jogo Patológico e Outros Transtornos do Impulso), os distúrbios psicológicos não estão relacionados diretamente ao produto em si, mas à satisfação da compra.

“Geralmente as pessoas com o vício da compra apresentam traços bastante impulsivos de personalidade. Elas postergam o pensamento racional do benefício de comprar algo realmente útil e pensam na satisfação momentânea. Essa sensação [momentânea] tende a compensar um sentimento de angústia ou tristeza. Os aparelhos eletrônicos trazem certo status social e frequentemente são associados a essa satisfação aparente ”, explica Tavares.

Será que eu gasto demais?

Comportamentos sutis podem indicar leves distúrbios entre os consumidores. “Se a pessoa costuma fazer compras de repente, sem uma prévia pesquisa, mentir o preço de um produto ou fazer compras cada vez mais dispendiosas e frequentes”, explica Hermano Tavares, “o prejuízo passa a ser, além de financeiro, social”. Nesses casos, o especialista considera o caso exagerado ou mesmo uma patologia e indica acompanhamento de um especialista.

Faça o teste a seguir e confira se você se enquadra na categoria de consumidor moderado ou se anda exagerando nas compras:  

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