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03/02/2012 - 10h06

Fundador do Megaupload acusa polícia neozelandesa de agredi-lo durante prisão

Do UOL, em São Paulo*
  • A corte da cidade neozelandesa de Auckland negou novamente a liberdade condicional ao fundador do site de downloads Megaupload, Kim Schmitz

    A corte da cidade neozelandesa de Auckland negou novamente a liberdade condicional ao fundador do site de downloads Megaupload, Kim Schmitz

O fundador do Megaupload, Kim “Dotcom” Schmitz, acusou a polícia da Nova Zelândia de tê-lo agredido durante sua prisão ocorrida em 20 de janeiro, em declaração dada à Suprema Corte do país durante a audiência de fiança. Dotcom foi preso depois de as autoridades entrarem em uma sala cofre onde ele estava trancado. A liberdade condicional do suspeito foi novamente negada pelo tribunal nesta sexta (3).

Dotcom disse ao juiz que “levou um soco no rosto e foi jogado no chão” pelos policiais que o encotraram na sala fortificada de sua mansão em Auckland, conhecida como “Quarto Vermelho”.

“Um cara estava em pé sobre a minha mão, o que fez a minha unha romper e minha mão começar a sangrar. Foi bastante agressivo”, disse o suspeito.

O fundador do Megaupload contou ainda ao juiz que recebeu “visitas e ligações estranhas” na prisão. Em um dos telefonemas, ele alega que o interlocutor disse que era um dos promotores do caso e ofereceu dinheiro em troca de ajuda para lhe dar liberdade condicional, que Dotcom afirma ter recusado veementemente.

Durante a audiência de fiança, o advogado de Dotcom, Paul Davison QC, tentou apelar da decisão que havia negado liberdade condicional a seu cliente, alegando que ele sobre de várias complicações de saúde (possivelmente diabetes), que não podem ser tratadas corretamente dentro da prisão. Além disso, Davison afirmou que Dotcom quer estar junto à sua esposa, grávida de gêmeos.

Liberdade condicional negada

A corte da cidade neozelandesa de Auckland negou novamente nesta sexta-feira (3) a liberdade condicional ao fundador do site de downloads Megaupload, cuja extradição é requisitada pelos Estados Unidos por suposta pirataria virtual.

Dotcom compareceu ao tribunal para apelar contra a decisão de um juiz do tribunal do distrito de North Shore, que negou na semana passada seu pedido de liberdade condicional por considerar que existia um grande risco de fuga.

O alemão de 38 anos deverá permanecer preso até 22 de fevereiro, data prevista para a audiência sobre sua extradição. Em sua decisão, o magistrado Raynor Asher enfatizou que não há nada que prenda Dotcom na Nova Zelândia, à exceção de sua motivação por lutar contra as acusações apresentadas e tentar recuperar seus ativos.

O juiz indicou também que existe a possibilidade de o FBI não ter congelado todas as contas bancárias do multimilionário alemão, pelo que o acusado teria meios para fugir da Nova Zelândia.

Durante a audiência, Dotcom assegurou que pretende ficar na Nova Zelândia para "brigar" e "recuperar" seu "dinheiro".

"O que eu faria na Alemanha com cinco crianças, uma esposa e sem dinheiro?", disse Dotcom durante a audiência, na qual o juiz lhe deu a palavra várias vezes.

Rede de pirataria

As autoridades dos EUA tiraram o Megaupload do ar por considerar que o site faz parte de "uma organização delitiva responsável por uma enorme rede de pirataria virtual mundial" que causou mais de US$ 500 milhões em perdas ao transgredir os direitos de propriedade intelectual de companhias. Em resposta, os hackers do Anonymous atacaram sites do governo e de gravadoras, tirando-os do ar.
 
Kim Dotcom teve a liberdade sob pagamento de fiança negada e permanecerá na prisão até 22 de fevereiro, enquanto as autoridades dos Estados Unidos buscam sua extradição acusando-o de pirataria em massa. Segundo autoridades, o serviço rendeu a seu fundador, somente em 2011, US$ 42 milhões. A Justiça da Nova Zelândia congelou o equivalente a R$ 15,6 milhões em bens do fundador do site naquele país.

Segundo o FBI, sete pessoas são suspeitas de operarem o Megaupload e sites relacionados: das seis detidas, duas já foram soltas. Um suspeito está foragido. O detalhamento da ação inclui lavagem de dinheiro e infrações graves de direitos autorais.

A acusação diz ainda que o MegaUpload recompensava usuários -- o documento não detalha quanto -- que subiam para o site os programas mais baixados. Aqueles que faziam upload de conteúdos ilegais, como cópias de programas e DVDs de filmes populares, eram os mais bem pagos. A pena máxima pelos crimes é de 20 anos.

Milionário excêntrico

Kim Schmitz, que fez 38 anos na prisão, foi detido na mansão onde morava com a mulher grávida e três filhos em Coatesville, cidade próxima a Auckland (Nova Zelândia). Apesar de casado, o milionário era famoso por estar sempre rodeado de belas mulheres.
 
A casa onde ele foi preso está avaliada em US$ 30 milhões (cerca de R$ 52,7 milhões). Apesar de ter gasto cerca de R$ 5,7 milhões em uma reforma, a mansão não pertence a Dotcom: ele tentou comprá-la, mas não teve sucesso por causa de problemas na Justiça. Fez então um contrato de leasing com o proprietário.
 
De acordo com o detetive da polícia de Auckland, Grant Wormald, o fundador do Megaupload tentou se esconder em uma sala fortificada (bunker) de sua mansão quando notou a chegada das autoridades. “Ele ativou uma série de mecanismos eletrônicos para fechar portas. Quando a polícia neutralizou as fechaduras, ele se trancou dentro da sala cofre”, disse Wormald.

Quando conseguiram abrir a sala, as autoridades encontraram Dotcom com uma espingarda de cano cortado. “Definitivamente não foi tão simples quanto bater na porta da frente e entrar”, comentou o policial.


Na ação, os policiais confiscaram ainda vários veículos de Dotcom, entre eles um Cadillac rosa de 1959 e um Rolls Royce Phantom -- este último avaliado em mais de US$ 400 mil (cerca de R$ 705 mil). Também foram confiscados jet skis.
 
Dotcom nasceu na Alemanha e tem também cidadania finlandesa. No entanto, tem residência fixa na Nova Zelândia e o site é baseado em Hong Kong -- lá o serviço Megaupload está barrado desde 2009. Os serviços do Megaupload também tinham sido anteriormente bloqueados na Índia e na Malásia.

*Com informações de agências

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