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26/10/2011 - 13h51 / Atualizada 27/10/2011 - 15h38

"Nokia do Brasil é boa exceção", diz presidente local em meio à crise da empresa

JULIANA CARPANEZ || Do UOL Tecnologia*
Em Londres
  • Almir Luiz Narcizo, presidente da Nokia Brasil, considera que 'o fenômeno do iPhone e do Blackberry não aconteceu no Brasil'' e que os smartphones da Nokia surgem como uma 3ª opção

    Almir Luiz Narcizo, presidente da Nokia Brasil, considera que 'o fenômeno do iPhone e do Blackberry não aconteceu no Brasil'' e que os smartphones da Nokia surgem como uma 3ª opção

A Nokia oficializou nesta quarta-feira (26) o lançamento de smartphones com o sistema operacional Windows Phone, da Microsoft, limitando a vida da plataforma Symbian até 2016 - até lá, o software para portáteis que já foi líder de mercado continuará recebendo atualizações. Para Almir Luiz Narcizo, presidente da Nokia Brasil, a crise que levou a essa mudança de estratégia não é uma realidade no país. "A Nokia do Brasil é uma boa exceção", afirmou durante entrevista para jornalistas brasileiros no evento realizado em Londres. Confira trechos. 

UOL Tecnologia – Durante a apresentação dos novos aparelhos, os principais executivos mencionaram "os tempos difíceis" pelos quais a empresa passa. Como você define esses tempos difíceis, em que a participação da plataforma Symbian vem caindo, e o que representa a adoção do sistema operacional Windows Phone nos smartphones da empresa?

Almir Luiz Narcizo – É evidente que a Nokia mundial está passando por uma dificuldade grande, são momentos de muito desafio. Uma empresa que era líder dos sistemas operacionais [no segmento de portáteis] e viu essa participação cair não está no seu normal, teve de seguir um caminho. Esse caminho foi justamente a parceria com a Microsoft. A empresa passa por uma dificuldade, um desafio e também por uma mudança.

UOL Tecnologia – Como essa crise mundial afeta a Nokia no Brasil?

Narcizo – Há Nokias e Nokias. O que aconteceu com a Nokia na Europa, Estados Unidos e um pouco na Ásia não aconteceu com a Nokia no Brasil. A Nokia do Brasil é uma boa exceção dentro de várias Nokias no mundo. A empresa continua sendo líder de mercado, em volume de vendas, e é a número dois em valor, fica muito próxima da número um [Samsung].

UOL Tecnologia – Mas aí estamos falando do mercado de celulares como um todo, não só smartphones.

Narcizo – Mesmo considerando smartphones, como marca única, a Nokia ainda é líder no Brasil. Se somar todos os fabricantes que usam Android, o Android é o sistema operacional mais usado no Brasil. Mas consideradas as empresas separadamente, a Nokia ainda é líder de mercado.

UOL Tecnologia – Por que o Brasil representa uma exceção?

Narcizo – Tivemos vários fatores positivos em relação ao Brasil. O investimento em marca sempre foi muito constante, muito consistente. Então a marca Nokia no Brasil ainda é muito admirada. Também temos um portfólio que foi muito bem adequado à necessidade local.

Além disso, o fenômeno do iPhone e do Blackberry não aconteceu no país. A gente pode dizer que eles foram bem sucedidos, mas ainda são aparelhos muito de nicho. São muito elitizados. O preço nunca foi o mesmo praticado nos Estados Unidos, a distribuição nunca foi igual dos Estados Unidos, nunca tiveram fábrica local. No Brasil, se você não tem a fábrica, você não é competitivo.

Então, por razões dos concorrentes e razões nossas, a Nokia conseguiu se sobressair.

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UOL Tecnologia – A previsão do Gartner é que o Android seja líder de mercado e que o Windows Phone consiga ocupar a segunda posição em 2015. Como é para quem já foi líder ir para o segundo lugar?

Narcizo – É uma coisa natural, nós estamos oferecendo uma terceira opção para o mercado. A plataforma iOS já está consolidada, a plataforma Android já está consolidada, e a plataforma Symbian tinha que ser revista.

UOL Tecnologia – Dá para dizer que vocês estão começando de novo?

Narcizo – Não, não dá para dizer isso porque já temos 1,3 bilhão de aparelhos vendidos, entregamos 1 milhão de telefones por dia, é uma marca admirada, então não é uma startup. É uma empresa que já tem uma posição consolidada no mercado. Mas evidentemente a propriedade intelectual [da plataforma] foi para o nosso concorrente.

A plataforma Windows Phone, quando foi avaliada em nossas pesquisas junto com Android e iOS, ganhou uma pontuação superior à da Apple muito superior ao Android. Nos testes, as pessoas disseram que a plataforma Windows é mais amigável e intuitiva.

Nós acreditamos que, à medida que esses telefones forem embarcados, e as pessoas comecem a experimentar [o Windows Phone] com um fabricante que tenha escala, você consiga passar para o consumidor essa experiência e ele comece a adotar essa plataforma. Esperamos que em um ou dois anos essa seja a plataforma dominante no mercado.

UOL Tecnologia – Dominância do Windows Phone?

Narcizo – Sim, pela receptividade das experiências. É uma questão de tempo para que isso seja adotado pelos consumidores. A gente tem total condição de ser líder em pouco espaço de tempo.

UOL Tecnologia – A empresa tem planos para a fabricação de tablets?

Narcizo – Por enquanto, a Nokia não se manifesta sobre tablets. Existem 260 modelos de tablets hoje, apenas um deu certo até agora [referindo-se ao iPad]. Nós não queremos ser o 261, temos de ter algo diferente. Para ser diferente, a Nokia precisa estudar esse mercado um pouco mais. Quando tivermos uma ideia diferente, entramos, porque é um mercado extremamente promissor e lucrativo.

  • Divulgação Nokia/Reuters

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