O Classmate PC é fruto do Intel World Ahead, programa da Intel para acesso a tecnologia em países em desenvolvimento. O projeto foi demonstrado pela primeira vez por Paul Otellini, CEO da Intel, em maio de 2006 durante o congresso mundial para tecnologia da informação, ainda com o nome de Eduwise. Os primeiros testes de campo foram feitos na Nigéria e atualmente mais de 30 países, inclusive o Brasil, já avaliam a solução.

Enquanto boa parte do XO-1, da OLPC, foi projetada do zero para o menor consumo de energia e menor custo possível, o Classmate PC usa componentes já existentes (uma abordagem chamada "off the shelf"), tirando proveito dos benefícios da economia de escala para atingir resultados parecidos.

O coração da máquina, que tem autonomia de bateria estimada em quatro horas, é um processador Intel Celeron M rodando a 900 MHz, com 256 MB de RAM e 1 ou 2 GB de memória Flash substituindo um disco rígido. O monitor LCD colorido tem 7 polegadas, com resolução de 800 x 480 pixels.

As interfaces de rede incluem Ethernet (10/100 Mbits/s) e Wireless 802.11 b/g. Um microfone e alto-falantes cuidam da multimídia, mas não há câmera. Um acessório opcional bastante interessante é o "Note Taker", uma prancheta eletrônica capaz de transcrever automaticamente qualquer coisa escrita (com uma caneta especial) em um papel ou bloco sobre ela para a tela do computador.

Visualmente o Classmate PC lembra um laptop "gordinho": medindo 24,5 x 19,6 x 4,4 cm e pesando 1,4 Kg, ele é protegido por uma capa de vinil nas cores azul ou cor-de-rosa —que serve tanto como proteção como uma opção de estilo. Ela também pode ser personalizada pela instituição de ensino.

Nos testes em escolas, os pesquisadores da Intel descobriram que, numa atitude típica, as meninas não se importam com a cor da capa, mas o meninos fogem dos modelos cor-de-rosa como o diabo foge da cruz. Embora tenha sido projetada para resistir a abusos, com um gabinete resistente a impactos (mas não à prova de líquidos), a máquina é geralmente bem-tratada pelos alunos, que se afeiçoam a ela como a um brinquedo favorito. Algumas crianças menores até fazem questão de colocar pessoalmente o laptop no "bercinho" (a estação de recarga) para "dormir" ao fim do dia.

Antifurto

A Intel implementou no hardware medidas anti-furto, visando tornar o Classmate um alvo menos atraente aos olhos dos malfeitores. Uma delas é uma combinação do módulo de segurança (TPM - Trusted Platform Module) embutido na placa-mãe com software na BIOS da máquina: se o micro não se autenticar periodicamente com o servidor central da escola, ele simplesmente deixa de funcionar, e só pode ser restaurado mediante a inserção de um código de segurança conhecido pelo administrador das máquinas. A frequência com que a autenticação é feita também fica a cargo do administrador.

A escolha do sistema operacional e programas que irão equipar o Classmate PC fica a cargo do governo ou instituição que irá utilizá-lo.

A Intel já demonstrou publicamente tanto modelos rodando o Windows XP quanto Linux, com distribuições desenvolvidas no Brasil pela Mandriva e Metasys. Como o sistema operacional é praticamente idêntico ao de um computador desktop, a gama de software educacional que pode ser usado na máquina é muito ampla, já que praticamente nenhuma modificação é necessária.

Software

Com isso ele pode desempenhar as mesmas atividades que um XO-1, rodando muito do mesmo software, como o compositor musical TamTam e o ambiente interativo Squeak/EToys. A similaridade também tem uma vantagem prática: a criança pode "migrar" de um Classmate para um PC comum sem precisar se readaptar a uma nova interface.

Também há software que permite ao professor ter mais controle sobre o que ocorre na sala de aula, como o Mythware e-Learning Class 6.0. Com ele o professor pode fazer "streaming" de vídeo e áudio de seu computador, mostrar aos alunos o que está em sua tela, ver o que está na tela dos alunos, ligar e desligar remotamente as máquinas, enviar mensagens privadas, aplicar provas de múltipla escolha e obter as notas imediatamente, conferir a frequência dos alunos, etc.

Os pais também podem usar o laptop para acompanhar o desempenho de seus filhos, consultar notas, o dever de casa a fazer e ler e enviar mensagens aos professores, entre outras possibilidades.

Design de referência

Um diferencial do Classmate PC é seu processo de produção. A Intel não fabrica as máquinas, apenas cria o chamado "design de referência". A produção ficará a cargo de duas empresas nacionais, a Positivo Informática e a CCE.

Uma sala de aula típica também contar com equipamento como roteadores wireless e um laptop para o professor, que poderão ser fornecidos por outras empresas. Opcionalmente outros equipamentos podem ser usados para enriquecer a experiência, como projetores, sistema de som e um servidor de conteúdo, que ligado à rede poderia atender a centenas de alunos simultâneamente.

Atualmente o governo federal avalia o Classmate PC com 800 crianças: 400 em Piraí, no estado do Rio de Janeiro, e 400 em Palmas, no Tocantins.

Instituições de ensino privado também estão interessadas na tecnologia: a Fundação Bradesco iniciou no ano passado um projeto piloto em sua escola em Campinas, com 130 alunos, 5 professores e 46 máquinas.

Neste ano o projeto foi ampliado, e a partir do ano que vem deve gradualmente ser implantado em todas as 40 escolas da fundação, que já tem 600 máquinas à disposição: 200 doadas pela Intel, 100 doadas pela Positivo Informática e 300 compradas com recursos próprios.

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