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24/10/2007 - 07h00

Celulares do futuro levam a vida no bolso no Japão

HENRIQUE MARTIN

Para o UOL Tecnologia
No Brasil, celular serve para falar e, recentemente, tirar fotos, ouvir música e até acessar a Internet. A tecnologia local segue padrões utilizados na Europa e nos Estados Unidos, ainda que a passo mais lento. Mas existe um lugar no mundo onde navegar na web em alta velocidade, ler livros e até pagar por compras, tudo através do celular, é realidade faz tempo. É o Japão, onde a primeira rede comercial de telefonia móvel do mundo foi instalada em 1979. Hoje, mais de 91 milhões de pessoas têm celular no país — média de 73,9 aparelhos para cada 100 japoneses. Eles carregam livros, dinheiro, música, informação e até TV no próprio bolso.

A relação do japonês com seus telefones é intensa e profunda. Em japonês, keitai denwa significa "telefones portáteis" e existe toda uma cultura em torno do keitai. Para perceber isso vale, por exemplo, entrar em qualquer metrô ou trem (inclusive no trem-bala) de Tóquio ou Osaka, duas das maiores cidades japonesas.

Etiqueta japonesa
O vagão está cheio de gente com seus celulares em mãos, mas ninguém fala. Pega mal, segundo as regras de etiqueta locais, falar muito, mas todos ali estão fazendo alguma coisa com seu aparelho —ler um livro, navegar na web, mandar mensagens de texto e e-mails... dá até para assistir TV digital (assista ao vídeo), em movimento, com o celular.

Ainda no metrô, e seguindo a etiqueta japonesa, um aviso próximo aos assentos reservados para usuários preferenciais (grávidas, deficientes físicos e idosos) adverte: "não fale no celular nesta região e deixe seu aparelho no modo silencioso" (veja o álbum).

Nada de atrapalhar a viagem dos mais velhos - ou até mesmo daqueles que precisam descansar durante as longas travessias de Tóquio, cidade de 8,5 milhões de habitantes.

Sinal de status
Em uma sociedade altamente competitiva como a japonesa, o celular também é sinal de status. Mas não como no Brasil, onde os modelos com mais recursos fazem sucesso. O celular, para o japonês, reflete seu estilo de vida.

A maioria dos homens assalariados —uniformizados com terno e gravata pelas ruas de Tóquio, formando um exército de "salary men"— mostra sua real personalidade ao tirar o celular do bolso. As cores do aparelho (prata, dourado ou azul metálico) e os possíveis penduricalhos (embora mais voltados para as garotas) refletem melhor o papel daquela pessoa na sociedade.

Esqueça o que você conhece
Nas ruas do Japão é quase impossível ver aparelhos de marcas populares no Brasil, como Nokia, Motorola, LG ou Samsung. Os principais modelos à venda são de fornecedores japoneses (veja as imagens), entre os quais Toshiba, Panasonic, Sanyo, Casio, Hitachi e Sony Ericsson, sendo este último o mais conhecido dos ocidentais, possivelmente.

Mas o que se vê mais são marcas e produtos oferecidos pelas operadoras locais —como NTT DoCoMo (a da primeira rede de celulares) e SoftBank (que tem Brad Pitt e Cameron Diaz como garotos-propaganda). Já outras operadoras, como a auKDDI, não vendem a idéia de celulares individuais, mas sim de coleções.

Em Tóquio, os aparelhos estão à venda em grandes lojas de departamentos, como a megastore de tecnologia Yodobashi, que reserva quase um andar inteiro aos telefones dos diversos fabricantes locais. Os vendedores disputam praticamente no grito novos clientes, com o microfone ligado mesmo dentro da loja.

Mas é nas ruas do bairro de Akihabara —principalmente próximo ao metrô da região de Electric City, a meca tecnológica de Tóquio— onde se encontra todo o possível e imaginável em matéria de eletrônicos e brinquedos hi-tech, que se percebe a importância do celular. Quase toda loja de eletrônicos exibe aparelhos em suas vitrines e aqui, diferente da maior parte do comércio brasileiro, os modelos expostos são mock-ups (modelos semelhantes aos originais, mas feitos em plástico), que ficam soltos nas inúmeras prateleiras. Esta observação vale também para muitos MP3 players e câmeras digitais.

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