Consumidores norte-americanos aproveitam a Black Friday (sexta-feira com promoções após o dia de Ação de Graças) para comprar eletrônicos na loja Best Buy de Westbury, Nova York
Pode parecer conversa de autoajuda, mas a escolha do computador deve ser focada primeiramente na pessoa que o usará. Itens como o que ela pretende fazer com a máquina (jogar, assistir a filmes, trocar e-mails), com que tipo de plataforma ‘simpatiza’ mais (Macs ou PCs), se quer mobilidade (desktops, notebooks ou netbooks) e se possui espaço de sobra ou exíguo para acomodar o brinquedo (all-in-one ou máquinas modulares) devem ser considerados.
“Cada pessoa tem um perfil e cada computador é adquirido por um motivo preponderante. Antes de sair de casa, o consumidor deve ter em mente exatamente porque irá até uma loja”, aponta Fernando Soares, gerente de novos projetos da HP. “Até mesmo considerações que podem parecer menores, como o tempo que ficará com o produto, devem ser levadas em conta para escolher uma máquina mais ou menos potente.”
Veja o que você deve considerar antes de comprar seu próximo computador.
Sistema operacional
Rivais eternas, principalmente por parte dos usuários, as plataformas Macintosh e PCs polarizam o mercado de computadores. As máquinas Apple costumam ser robustas, sair de fábrica com hardware de primeira e pacote de software pré-instalado que garantirá que o usuário não terá de se preocupar com ferramentas essenciais, secundárias e terciárias para as tarefas do dia a dia (confira aqui dicas para não errar na hora de comprar um Mac).
Esses computadores são também conhecidos por não travarem quase nunca, por realizarem tarefas consideradas pesadas, como edição de filmes e multimídia sem pestanejar, e por serem mais caros do que os populares PCs. Os “personal computers” são reconhecidamente equipamentos mais enxutos do que as máquinas Apple, com configurações que variam muito de máquina a máquina e que podem ganhar upgrades de hardware (aumento de memória, da velocidade de processamento) com mais facilidade do que as concorrentes.
Dotados de sistemas operacionais populares (o conhecido Windows ou a plataforma de software livre Linux), que conversam com quase qualquer periférico (impressoras, escâneres) do mercado, os PCs têm manutenção barata e sua obsolescência é muito maior do que a de máquinas Apple. Em resumo, Macs são pratos-feitos sem miséria. PCs são à la carte, de acordo com o bolso do cliente (veja aqui reportagem comparativa entre PCs X Mac).
Hardware
A última questão em comum entre all-in-one, laptops, netbooks e desktops é com relação ao hardware. Aqui, os entrevistados pelo UOL Tecnologia citaram, mais uma vez, a questão da escolha centrada na pessoa. Entretanto, há um mínimo que deve-se observar e o teto deve ser o dinheiro disponível.
Para usuários que desejam navegar na web, baixar e ouvir música, ler e-mails, assistir a filmes, trabalhar com aplicativos de escritório e trabalhar com java (usado em sites de banco, por exemplo) de forma satisfatória, é necessário escolher máquinas com pelo menos 2 GB de RAM. Discos rígidos (HDs) devem ter a partir de 160 GB de espaço.
Os processadores mais indicados são os da família iX (i3, i5, i7) da Intel e semelhantes, embora o Core 2 Duo de 1,6 GHz faça um bom trabalho. Esqueça Dual Core ou alternativas abaixo disso.
Em relação às placas de vídeo, a que vem embarcada costuma servir para assistir a filmes ou realizar tarefas do dia a dia. Entretanto, para quem quiser realizar tarefas mais robustas, é indicado observar alguns itens nesses requisitos de hardware. De acordo com os analistas entrevistados pelo UOL Tecnologia, de modo geral, as principais preocupações devem ser o poder de processamento e a memória. No mercado, há placas com 256 MB, 512 MB, 1 GB, entre outros valores. Dessas, uma com capacidade de 512 MB pode rodar a maior parte dos jogos das prateleiras. A marca, nesse caso, é importante: quando se trata de placa de vídeo, os especialistas não indicam as genéricas.
Para notebooks, telas de 15 polegadas permitem uma boa visualização de dados multimídia, como filmes. O mesmo acontece em monitores de 19 polegadas comprados com desktops. Ainda na questão da tela, é ela que difere notebooks e netbooks – máquinas tão semelhantes que muitos fabricantes consideram que ambos estão no mesmo nicho (a saber, de notebooks). Grosso modo, máquinas com telas entre 7 polegadas e 12,9 polegadas são chamadas de netbooks. Com tela a partir de 13 polegadas, notebooks.
No início, os netbooks também poderiam ser diferenciados pelo seu hardware espartano, que somente permitia usar navegador e, se muito, pacote de escritórios. Entretanto, hoje, esses pequenos computadores ultraportáteis saem de fábrica com processadores competentes, memória RAM aceitável e, do ponto de vista de configuração, similares aos tradicionais laptops do mercado.
“A questão do dinheiro, quando o assunto é hardware, não é muito relativa, é pontual. Como computador não é investimento e como esses equipamentos são rapidamente suplantados por outros, mais modernos, deve-se optar pelo máximo de capacidade possível”, diz Hardt, da AOC Brasil. “Capacidade do HD, memória RAM e processador devem sempre ser o centro das atenções no momento da escolha. Depois deles, placa de vídeo e de som, além da webcam podem nortear a escolha.”
Modelos
A partir do momento que se sabe qual caminho trilhar, entre Macs e PCs, chega a hora de decidir o tipo de computador que você levará para casa: um desktop regular (com mouse, teclado, CPU, monitor, caixas de som e cabos para todos os lados), um tudo-em-um (no qual monitor, caixas de som e CPU são uma única estrutura) ou um notebook (portátil, funciona por cabo e bateria e pode ser levado para cima e para baixo). Mais uma vez, entra a questão da particularidade.
“Como os preços entre as diferentes máquinas estão muito parelhos, deve-se pensar se há a necessidade de mobilidade e se a máquina será usada só por uma pessoa. Se sim, a escolha acertada é um notebook”, diz Sandra Chen, gerente de marketing de produtos para consumidor final da Dell Brasil. “Se o consumidor quer um computador para a família, que será dividido entre várias pessoas, a escolha lógica é o desktop tradicional ou o all-in-one. Mas se o usuário não tem espaço de sobra, a opção deve ficar entre um all-in-one ou um notebook”, complementa Élcio Hardt, gerente de produto all-in-one da AOC Brasil.
Modelos All-in-one, como este da imagem, ocupam menos espaço do que desktops tradicionais
Algumas particularidades podem definir o fator de compra entre essas (notebook e netbook), aquela (desktop comum) ou aquela outra máquina (all-in-one). A começar pelo laptop, é desejável que ele tenha placa de rede Wi-Fi (não, não são todos que chegam ao mercado com ela embarcada), para que a mobilidade realmente se cumpra. Há opções com bateria estendida, que duram mais de 6 horas. Deve-se checar as entradas e conexões - portas USB devem ser em número de, no mínimo, 3: quanto mais, melhor.
Entre desktops comuns e all-in-one, o check-list é com relação ao que vem no conjunto (ou na pacote). Caixas de som, teclado, mouse, cabos diversos (multimídia, de alta definição, que permitam a conexão com a TV) são necessários.
Nos desktops comuns, deve-se observar se há a capacidade de expansão dos itens de hardware é atrativo para quem deseja fazer upgrades a curto ou médio prazo (a longo, até mesmo a placa-mãe estará ultrapassada). A maioria das máquinas All-in-one sai de fábrica com placa Wi-Fi integrada (mas não todas; pode ser importante averiguar) e algumas têm bateria com autonomia de um par de horas. Webcam integrada, teclado multimídia, tela touchscreen são opções de tudo-em-um disponíveis nas prateleiras brasileiras.
Quer pagar quanto?
A questão custo-benefício pode ser ilustrada com valores de equipamentos da Dell e da HP, algumas das marcas mais vendidas no país. A relação média de preços no mercado brasileiro entre notebooks e desktops Dell com as mesmas configurações - exceção às telas, 15 polegadas para o laptop, 19 polegadas para o PC - é de cerca de 32%. Para notebooks e PCs all-in-one da HP, a diferença cai para 22%.
Em números reais, em média, um desktop e um notebook com os mesmos requisitos de hardware, custariam respectivamente R$ 1.300 e R$ 1.900. Ainda para ficar em dados absolutos, quando colocados lado a lado um desktop e um all-in-one com as mesmas configurações, o primeiro poderia sair por R$ 1.800. O segundo, por R$ 2.300.
De acordo com Chen, “essa diferença faz com que o mercado esteja favorável aos computadores portáteis, caso a escolha seja norteada por questões econômicas.”