Mike Krieger, 25, é brasileiro e criou o Instagram junto com o americano Kevin Systrom; foto foi postada na conta do brasileiro na rede social de imagens
Quem usa o Twitter ou o Facebook com certa frequência sempre se depara com imagens de um programa chamado Instagram – aplicativo para iPhone que aplica efeitos retrô estilosos em fotos tiradas com o smartphone. Porém, o que boa parte dos internautas desconhece é que um dos criadores do aplicativo é o brasileiro Mike Krieger, 25, programador de software.
Com apenas um ano de vida, o aplicativo já soma mais de 10 milhões de usuários – entre eles, nada mais nada menos que o astro pop Justin Bieber – e, surpreendentemente, não dá lucro. “Estamos pensando bastante em como ganhar dinheiro com o Instagram, mas ainda não anunciamos nada”, disse Krieger, em entrevista por e-mail ao UOL Tecnologia.
O programa, que também funciona como uma rede social de imagens, só está disponível para a plataforma iOS (sistema operacional do iPhone, iPad e iPod touch) e, mesmo com o fato de os aparelhos da Apple serem caros no Brasil, o país está em terceiro lugar no número de usuários do programa, atrás apenas de Estados Unidos e Japão. Sem contar que o aplicativo está no ranking dos 20 mais baixados na loja de aplicativos da Apple do Brasil.
O interessante do programa é que ele é bom tanto para quem tira fotos ruins -- os efeitos, às vezes, escondem os defeitos– como para quem já tira fotos boas.
Mike, que na verdade é Michel e mora nos Estados Unidos, conta o motivo de ter “mudado o seu nome”, do desenvolvimento de uma versão para smartphones Android e de como a empresa é mantida – uma vez que o programa é gratuito e não fatura com publicidade.
Veja abaixo os destaques da conversa com o brasileiro cofundador do Instagram:
UOL Tecnologia: Você é brasileiro, mas seu nome não é nada brasileiro. Seus pais são estrangeiros ou eles simplesmente gostaram do nome Mike?
Mike Krieger: O meu nome na realidade é Michel, mas estranharam aqui nos EUA, pois fica muito parecido com o nome "Michelle". Então acabei adotando o nome Mike como meu apelido.
Foto tirada no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, por Mike Krieger, cofundador do Instagram
UOL Tecnologia: Como você foi parar nos Estados Unidos? E de onde surgiu a ideia de criar o Instagram?
Krieger: Eu fui aceito na universidade de Stanford, onde cursei a minha graduação e pós – a instituição tem um clima super legal de empreendedorismo, então tive contato com um monte de gente apaixonada pelo mundo de startups [empresas iniciantes do ramo de tecnologia – o Facebook, no início, era uma startup]. Depois de trabalhar por um ano e meio na Meebo, uma outra startup, fui convidado pelo meu amigo Kevin Systrom para fazer parte de uma empresa que ele estava montando.
No começo, a gente trabalhou num aplicativo chamado Burbn, que era uma rede social em que os usuários poderiam compartilhar a sua localização e também imagens, vídeos, planos para o fim de semana, etc. O produto era legal, mas muito complicado. Então, a gente passou por um processo de simplificação e acabamos lançando o Instagram, onde a gente buscou criar um programa simples e divertido.
UOL Tecnologia: O Instagram é um aplicativo gratuito e não tem propagandas. Você poderia, por favor, explicar como que o negócio é mantido?
Krieger: No começo, o Instagram foi sustentado por investidores-anjo [que colocam dinheiro em uma empresa – mesmo sem ser um negócio lucrativo a princípio – por acreditarem que o projeto algum dia vingue], mas em janeiro deste ano, recebemos um investimento maior (da Benchmark Capital), que é um fundo de investidores de maior porte.
Temos uma reunião marcada cada dois meses com os investidores, mas acabamos nos comunicando com bastante frequência, pois eles oferecem conselhos e dicas interessantes, baseadas nas experiências deles.
UOL Tecnologia: Quem são os investidores do Instagram? Vocês têm planos de ganhar dinheiro com o aplicativo?
Krieger: A Benchmark Capital, que também investiu no Twitter, e também a Baseline Ventures e a Andreessen Horowitz. Estamos pensando bastante em como ganhar dinheiro com o Instagram, mas ainda não anunciamos nada.
UOL Tecnologia: Existe a possibilidade de vocês desenvolverem uma versão do aplicativo para Android ou outras plataformas de smartphone?
Krieger: Sim. Estamos pesquisando outras plataformas, e recrutando engenheiros novos para trabalhar em um aplicativo de Android do Instagram.
UOL Tecnologia:Qual o tamanho da equipe do Instagram?
Krieger: Temos seis funcionários: três engenheiros, duas pessoas na área de suporte técnico, e uma pessoa trabalhando na área de negócios.
UOL Tecnologia: O alcance do Instagram chegou ao ponto de ter até exposições – em São Paulo, por exemplo, já teve uma dessas – baseadas em fotos “filtradas” pelo aplicativo. O que você acha disso?
Krieger: Adoro quando ouço noticias de exposições com fotos do Instagram. O maior elogio que nós recebemos é quando os nossos usuários nos contam que o Instagram mudou a maneira que eles veem o mundo.
UOL Tecnologia: Quantos usuários têm o Instagram? E qual é o país com o maior número de usuários?
Krieger: Já temos mais de 11 milhões de usuários no mundo. Não tenho um número específico de usuários brasileiros, mas o Brasil é o terceiro maior país usando o Instagram, depois dos Estados Unidos e do Japão.
UOL Tecnologia: Onde o Instagram quer chegar? E quais são os planos para o aplicativo social?
Krieger: Queremos ser a próxima grande rede social, com uma base na comunicação visual, e com um foco nos aparelhos celulares.
UOL Tecnologia: Qual o balanço que você faz deste um ano de Instagram [a empresa completou um ano no início de outubro]?
Krieger: Foi uma loucura este ano, mas só estamos no comecinho da nossa viagem como uma empresa.