Em um país cercado por tecnologia, acessar a internet e mandar e-mails pelo celular é atividade mais que comum. Muita gente lê livros formatados especificamente para o telefone e muitas obras saem para o celular antes do lançamento em papel —quando saem em papel, na verdade. Mas o choque cultural acontece mesmo quando você vê o telefone sendo usado como ingresso em eventos, para pagar o metrô ou até mesmo como substituto do bilhete de papel na hora de embarcar em um avião.
Basicamente, as operadoras japonesas oferecem vários serviços de
osaifu keitai, ou "pagamento via celular", que vão além do "mande um SMS, receba um refrigerante na máquina", que começa a aparecer aqui no Brasil. Lá, os aparelhos são habilitados com chips de radiofreqüência (RFID), o que possibilita fazer transações monetárias sem dinheiro ou cartão de crédito. A conta vai direto para sua fatura mensal do celular.
Um único telefone pode ter dinheiro virtual (e-money) e vários cartões de crédito, por exemplo. Você pode verificar, em tempo real, seu crédito e as operações feitas, na tela do aparelho. Para comprar, basta aproximar o telefone de bases especiais presentes em estações de metrô, na maioria das lojas e até nas máquinas de vendas de bebidas, cigarros e alimentos espalhadas por toda Tóquio
(veja o álbum). E, detalhe, esta tecnologia está em pleno funcionamento desde 2004.
De acordo com o serviço, um nome específicoEdy é o dinheiro eletrônico, que pode ser "recarregado" pela Internet ou em máquinas próprias. Mobile Suica, por exemplo, é uma das plataformas de pagamento da rede de transportes públicos —e serve para pequenos pagamentos também. A operadora de telefonia fornece a infra-estrutura e os serviços são prestados por outras empresas —que têm nomes curiosos como Pasmo, Icoca e PiTaPa.
Esses serviços de compra por contato se baseiam em uma tecnologia chamada Felica, desenvolvida e licenciada pela Sony.
Pela web, é possível criar uma espécie de cartão de visitas pessoal ou corporativo, como um código de barras 2D, e armazená-lo em seu aparelho. Mostre esse código a outro telefone —que irá capturar as informações pela câmera digital— e pronto, os cartões são trocados automaticamente e a transação é efetuada.
Isso vale para garantir a entrada em eventos e até substituir o papel na hora de embarcar em vôos. As leitoras de bilhetes nos terminais de aeroportos lidam com as passagens tradicionais, mas também têm um sensor para ler os dados do código de embarque diretamente do celular do passageiro.
Outra função do código de barras 2D faz muito sucesso em anúncios e embalagens de produtos: você aponta a câmera do celular e vai direto ao site do fabricante.
Futurista? Nem tanto. A NTT DoCoMo, principal operadora de celulares do Japão, pesquisa o desenvolvimento de um código sonoro para substituir o 2D atual.