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10/07/2008 - 10h00

Contra o vício do computador, pais devem estimular atividades sociais e físicas

CAMILA RODRIGUES | UOL Tecnologia
Videogame, celular e computador garantem o entretenimento da criançada nas férias sem sair de casa, mas limitam a socialização dela com o mundo exterior, além de poder trazer malefícios de uma vida sedentária.

A educadora Silvia Colello, professora-doutora de psicologia da educação da Faculdade de Educação da USP, aconselha que se estimule atividades sociais e físicas nas férias para que a criança aproveite seu tempo livre de forma mais saudável do que passar mais de seis horas em frente a uma tela de PC.

UOL TECNOLOGIA - Qual é a idade de dar celular para criança?
Não acho que isso tenha que ser pensado em termos de idade, mas da realidade da criança, das relações familiares e da necessidade do celular. O que me importa é para que o aparelho será usado. É para a criança ficar brincando no telefone ou é para uma situação em que, por exemplo, a criança está na escola e vai usar o aparelho para chamar os pais para buscá-la? Há uma variação entre a criança de oito anos que ganha o celular mais sofisticado para ficar conversando com os amiguinhos e aquela que ganha o celular dos pais tendo alguns limites.

UOL TECNOLOGIA - Como definir os limites?
Ensinar quando e como usar. É ideal mostrar para a criança que não é para usar o celular na sala de aula, mas em contexto de necessidades reais. É importante também colocar o uso desse celular dentro de limites econômicos e de segurança. Hoje em dia, as crianças começam a competir sobre qual é o celular mais legal. Se, na geração passada, as crianças comparavam os tênis e as roupas de marca, hoje essa parafernália tecnológica entrou como uma negociação no processo de auto-afirmação do jovem. E essa é uma tendência muito nociva na constituição do indivíduo, porque você reforça o "ter" sobre o "ser".

UOL TECNOLOGIA - Como os pais devem se portar para equilibrar as duas coisas?
O acesso tem que ser negociado dentro de uma perspectiva de conscientização e de valores. É preciso que o jovem entenda qual é o papel desse equipamento na sua vida; o computador, por exemplo, pode favorecer o acesso à informação. Outro viés é introduzir esse equipamento dentro de uma perspectiva de valores. Uma coisa é a família que presenteia o jovem com esses objetos e outra é a família que viabiliza o acesso ao objeto dentro de uma perspectiva consciente de uso.

UOL Tecnologia - Qual o tempo recomendado para ficar no computador nas férias?
É difícil dizer "três horas de computador" ou "cinco horas" é ruim. Eu acho que cinco, seis horas no computador é um absurdo! Porque se ela está seis horas concentrada em uma coisa, pode estar perdendo a oportunidade de fazer alguma atividade social ou física. Para os pais, a dica que fica é que proporcionem e estimulem outras atividades que não seja ficar em casa ou só ficar mexendo no computador. Ir à casa de algum amigo brincar, visitar um museu, fazer algum passeio no final da tarde.

UOL Tecnologia - Quando e como supervisionar?
A princípio, a criança pequena, até uns 12 anos, tem que ter supervisão sempre, porque foi-se o tempo em que se estava segura dentro de casa. Certa vez, uma avó ajudou a descobrir uma rede de pedofilia enquanto supervisionava sua neta em um chat da Internet. A avó percebeu que a conversa estava estranha e assumiu o teclado como se fosse a menina.

Com adolescente, isso é mais complicado, mas você pode compensar a supervisão por conscientização, ensinando o jovem a se proteger. Além disso, existem mecanismos de bloquear sites. Junto com o controle, existe uma conversa. Isso garante? Não, mas é o mínimo que se pode fazer. O maior problema do computador é quando ele vira babá eletrônica e os pais perdem a noção do que acontece com seus filhos.

UOL Tecnologia - O que o computador e o celular e outros eletrônicos mudam no desenvolvimento psicomotor da criança?
O computador certamente tem uma influência no desenvolvimento da criança, mas isso ainda não foi suficientemente estudado, não existe um consenso sobre as implicações. É bom, no entanto, que se diga que essas implicações não são necessariamente nocivas.

Se eu sei que ter um computador favorece a vida sedentária, eu posso promover uma atividade física semanal. Sabendo que existe a possibilidade de o perigo entrar pela sala de casa, eu posso aumentar a minha presença e a minha supervisão. Os pais precisam aproveitar o que tem de bom e compensar o que tem de ruim.

Você pode ampliar o conhecimento das crianças. Uma TV por assinatura, uma banda larga oferece à criança uma possibilidade de ampliação de visão de mundo muito maior do que antes. Permite acessar diferentes jornais, falar com amigos distantes, ver letras de músicas.

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