UOL Notícias Tecnologia

16/06/2009 - 11h00

Informações sobre sua saúde podem circular pela internet

VINÍCIUS CHEROBINO | Para o UOL Tecnologia
Em 2006, um dos piores casos públicos de quebra de privacidade veio a público. A AOL divulgou mais de 20 milhões de registros de buscas de 650 mil usuários. Apesar de utilizar um número em vez dos nomes dos clientes, os históricos permitiram que várias pessoas fossem encontradas no mundo real a partir de suas buscas na internet.

Este caso culminou com diversos usuários constrangidos por verem revelados seus hábitos sexuais ou casos extraconjugais. Isso, contudo, não passa da ponta do iceberg. Os riscos na quebra da privacidade digital aumentam sensivelmente com o maior nível de confidencialidade dos dados armazenados na internet.

E o ponto mais alto de confidencialidade está nos dados médicos. Ao prometer mais comodidade, serviços hospedagem do histórico do paciente —como o Google Health, lançado em maio de 2008, ou o Microsoft HealthVault, lançado em 2007— trazem intrinsecamente o risco de a pessoa ter revelado todas as suas doenças. Isso pode significar uma oferta especial por e-mail de medicamento contra impotência sexual ou alguém ver seu pedido para plano de saúde ser negado pela empresa que comprou o seu histórico médico.

De acordo com Thiago Tavares, da Safernet, esse tipo de negociação já acontece no Brasil com as empresas de seguros, especialmente de carro. "O valor do sinistro sobe por conta dos dados mineirados e combinados pelas diversas bases, seja de cartão de crédito, cartão de fidelidade, internet etc", afirma.

Genética na mira

A gravidade do assunto aumenta quando o registro médico chega ao mapeamento genético. A 23andMe é uma das empresas que está gerando mais polêmica. Dedicada a "ajudar as pessoas a entender a sua própria informação genética usando os últimos avanços tecnológicos em análise de DNA com ferramentas interativas baseadas em web", a companhia realiza mapeamento genético por 400 dólares.

Além de identificar a genealogia do usuário, esse tipo de levantamento aponta doenças hereditárias e maior propensão a desenvolver problemas graves de saúde como câncer ou ataques cardíacos.

Para aumentar o debate, a companhia teve financiamento de 3,9 milhões de dólares do Google e tem entre as fundadoras Anne Wojcicki, a esposa de Sergey Brin, um dos fundadores do buscador. Vale lembrar que a 23andMe é apenas uma das várias empresas que estão começando a explorar esse nicho.

"O histórico médico e o mapeamento genético é muito valioso e em pouco tempo vai ser convertido em mercadoria para ser monetizada pelos buscadores. O risco é enorme", arremata Tavares.

Compartilhe:

    Últimas Notícias

    Hospedagem: UOL Host