Alexandre Ferreira apresentou o Tsaro, um dragão medieval de um livro de sua própria autoria
No Centro de Exposições Imigrantes, onde nesta semana milhares de fãs de tecnologia se reuniram para a Campus Party 2010, computadores coloridos, tunados e cheios de personalidade estão entre as máquinas que mais chamam a atenção do público. São os chamados casemods que, personalizados por seus donos, se destacam entre os notebooks e desktops do pavilhão.
Os mais comuns, em formato de torre convencional, são os coloridos, com cooler e refrigeração à água, recortes modernos no acrílico, vidros, cabos organizados e leds internos. Há, no entanto, máquinas que vão além, imitando o visual de personagens de games, de livros e até robôs.
O analista de suporte Alexandre Ferreira de Souza, de Mogi das Cruzes, se orgulha do Tsaro, um computador em forma de dragão inspirado em um livro chamado Contos de Calíope, escrito pelo próprio analista. “Ele é imponente, tem uma identidade e força de presença”, diz.
Escrito há um ano, o conto de RPG se passa em um universo fictício chamado Calíope. E o dragão possui todos os ingredientes de um personagem de fantasia medieval: vermelho, com asas, solta fumaça e ainda fica apoiado em uma espécie de torre.
Maciel Barreto ao lado de Kratos
Alexandre levou apenas três meses para concluir o projeto. A maior dificuldade foi na hora da modelagem, feita em cima de um esqueleto de metal, revestido com fita adesiva, gesso e, por fim, fibra de vidro. Por dentro, o Tsaro, como descrito pelo próprio criador, não é uma máquina tão potente: tem processador de 3.0 GHz, 2 GB de memória RAM e HD de 250 GB.
O diferencial, mesmo, fica por conta da construção. O teclado e o mouse, que ficam embaixo da torre -- local para o HD e o drive de DVD --, também são decorados no estilo medieval. As conexões USB e a do monitor ficam no rabo do dragão. O coração abriga a placa-mãe. Os olhos possuem leds amarelos, as asas são iluminadas e a boca abre e fecha aleatoriamente.
Alexandre chegou a participar das duas últimas competições de casemod da Campus Party, mas ficou em terceiro lugar em ambas, na categoria de criatividade. “À medida que você faz cases, vai melhorando a técnica”, afirmou. Desta vez, o analista, que não iria participar do evento e ganhou o ingresso de última hora, espera ter mais sucesso com o dragão de R$ 1.500. “Quero sair do terceiro lugar”, brinca.
Já o designer Maciel Barreto, que levou o prêmio na categoria de melhor casemod na Campus Party 2009 e fez segredo quanto ao novo projeto, impressionou o público ao apresentar o personagem Kratos, do jogo “God of War”.
Modelado em massa de silicone e fibra de vidro, o Kratos é uma réplica idêntica do anti-herói, temido até mesmo pelos deuses da mitologia grega no jogo. “É exatamente por ele ser respeitado e impor medo que as pessoas param para olhar”, afirmou Barreto.
Do lado de fora, o computador em formato do personagem mortal do jogo tem leds nas duas espadas, correntes de plástico, além dos detalhes do Kratos, como cicatrizes no rosto e armadura no braço.
E o computador não é imponente apenas por fora. Com 1TB (terabyte) de disco rígido, 4 GB de memória RAM e processador Quad Core, o PC, de aproximadamente R$ 10 mil, tem ligações como as portas USB na parte da frente. Nas costas, ficam a placa-mãe e o resto do hardware.
Já os fãs do seriado “Lost” têm grandes chances de simpatizar com o case do estudante Omar Majzoub, em forma octogonal, igual ao símbolo da Iniciativa Dharma, empresa fictícia que faz projetos de pesquisa na ilha onde os personagens estão perdidos.
Omar Majzoub criou um PC baseado na Iniciativa Dharma, uma empresa fictícia de ''Lost''
O gabinete foi feito de madeira de lei de mais de trinta anos, usada em assoalhos de trem e comprada pelo estudante em um ferro velho. Por dentro, o fundo é preenchido com a floresta, além dos números malditos (4, 8, 15, 16, 23, 42) citados nas temporadas de “Lost”.
Do lado de fora, o símbolo da série com os personagens está em uma lateral, enquanto que os detalhes do logo da Dharma aparecem na outra. A frente do gabinete possui um monitor de LCD onde passam os vídeos de orientação da Iniciativa.
Com uma chave -- também famosa no seriado --, o usuário pode ligar ou desligar o micro, que tem processador Core 2 Duo, 4 GB de RAM, disco rígido de 2,5 TB (terabytes), refrigeração à água e saiu por cerca de R$ 7 mil.
Para os iniciantes, Omar dá algumas dicas. “Queria montar um casemod comum, mas aproveitei que o seriado vai entrar na última temporada e fiz uma homenagem. O ideal é fazer cases temáticos e chamativos, aproveitar o que está na moda”, conclui.