Imagine uma televisão parecida com a que você tem hoje em casa, só que capaz de exibir imagens em três dimensões, com sensação de profundidade. E em seu "home theater", esqueça o plasma ou o LCD. Chame o arquiteto para criar uma parede côncava de quase 200 polegadas —nela, cinco projetores vão formar a imagem de todo o campo de futebol, para que você assista o jogo como se estivesse no estádio.
Estas são alguns dos conceitos de TV do futuro que o Instituto Fraunhofer, o mesmo que criou o formato MP3, mostrou ao público da IFA 2006, maior feira de eletrônicos e tecnologia da Europa. O evento vai até quarta-feira em Berlim, Alemanha.
O instituto alemão ocupava praticamente todo o pavilhão de inovação da feira. E o pesquisador Thomas Schönau conversou com o UOL Tecnologia sobre o funcionamento das TVs futuristas.
Chaveiro da Disney"A televisão em três dimensões funciona como aqueles chaveiros antigos com personagens da Disney, que mostrava imagens diferentes conforme você o girava", conta Schönau. Na frente da tela LCD, há uma placa de vidro com lentes convexas a cada dois pixels — o papel dessas pequenas lentes é desviar pixels de um olho para outro, o que cria a sensação de três dimensões.
Estandes de grandes empresas de eletrônicos, como LG e Philips, também mostraram tecnologias semelhantes para exibição de imagens em 3D. Mas essas televisões 3D das empresas de consumo exigem que o espectador esteja em uma posição praticamente perpendicular à tela. Se você estivesse no canto da sala, por exemplo, a sensação de profundidade ficaria prejudicada.
Para resolver o problema, o Instituto Fraunhofer acoplou ao topo de sua TV futurista duas câmeras digitais, que rastreiam os olhos do espectador para calcular o ângulo de projeção da imagem. Desta forma, a placa de vidro com as microlentes se move conforme a cabeça do espectador muda de posição, o que permite manter o efeito 3D.
Imagens saem da telaAs imagens impressionam. Um dos filmes mostrava um show, sobre um palco, e a noção de perspectiva destacava a cantora para a frente da tela, enquanto o baterista realmente ocupava o fundo do palco. Outro exibia uma corrida de motos —em certo ponto, uma derrapada parecia jogar terra para fora da tela. "É melhor você limpar a camisa", brincou Schönau, rindo.
Claro que os curiosos que estavam de pé ao meu lado não tiveram a mesma sensação. Apesar de a tecnologia reconhecer pequenos movimentos do rosto, ela só consegue "formar" a imagem tridimensional em um ponto focal —o meu, neste caso. Com isso, assistir TV também deixaria de ser diversão coletiva.
Segundo o pesquisador, os efeitos 3D também precisam que a produção dos vídeos sejam feitas com duas câmeras com angulações diferentes, para gerar a sensação de perspectiva. "Também é possível simular a profundidade com software, mas o resultado não é tão bom", disse.
Schönau diz que a tecnologia ainda levará alguns anos para chegar ao mercado. Mas a evolução ocorre dia após dia. "Desde a CeBIT [feira de tecnologia de Hannover, também na Alemanha, que ocorreu no início do ano], aprimoramos bastante o software e a detecção do rosto do usuário."
O jornalista viajou a Berlim a convite da Philips