UOL Notícias Tecnologia

01/10/2007 - 09h42

Os robôs no Brasil e no mundo

Marcelo Ayres
Para o UOL Tecnologia
Falar de robôs no Brasil ainda é um tema de ficção. Jackson Matsuura, professor da área de Sistemas de Controle do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e coordenador da seleção brasileira de robótica, pondera que o país tem qualidade de pesquisa teórica muito boa, mas aplicação industrial muito restrita. Ou seja, os projetos não saem do papel.

Isto se deve à falta de atuação da indÚstria no segmento e ao pouquíssimo investimento feito pelo governo. "Faltam verbas específicas e políticas de desenvolvimento para o setor. Tudo o que é feito de pesquisa e projetos no Brasil está ligado às universidades", lembra o professor.

Por outro lado, a automação industrial é muito forte, pois conta com a força do parque industrial do Brasil e impulsiona a produção.

Diferentemente daqui, o Japão está em outro patamar em relação à robótica. Lá, não só as indústrias participam do desenvolvimento e da pesquisa, como são as maiores patrocinadoras, lançando no mercado vários modelos de robôs. Além disso, o Estado também tem atuação muito forte, trabalhando em conjunto com as universidades.

Um bom exemplo de atuação do Estado no financiamento está na cidade japonesa de Osaka. Lá o poder municipal é um dos que mais investe no setor. A universidade municipal de Osaka criou a 'Cidade dos Robôs', um prédio habitado por robôs e humanos, que será utilizado para pesquisar a interatividade entre as máquinas e os homens.

Dados da Federação Internacional de Robótica indicam que em 2001 existiam 756 mil robôs industriais no mundo. Cerca de 360 mil estavam no Japão e outros 99 mil na Alemanha. Em 2005, o número total de robôs na indústria ultrapassou a casa dos 900 mil. Destes 373 mil estavam no Japão, 139 mil na América do Norte e 297 mil na Europa. O Brasil tinha em 2.600 unidades de robôs industriais no ano de 2005.

Nos EUA, o maior incentivador das pesquisas é o governo, por meio do aparato militar e da NASA dentro das pesquisas espaciais. A indústria americana participa muito pouco do desenvolvimento da robótica.

Replicantes ou humanóides
Muitas pesquisas são feitas hoje em dia para criar robôs que se relacionem com os humanos. Já existem, principalmente no Japão, os robôs com formas de animais que exploram o lado sentimental das pessoas. Outra leva é composta por máquinas humanóides que podem andar, correr, mover objetos, responder a perguntas, vigiar a casa e até cuidar das crianças.

A morfologia desses robôs sempre foi uma preocupação para os cientistas. Criar máquinas semelhantes aos homens e dar a elas funções de atuação humana sempre causou fascínio e ao mesmo tempo receio. O professor Matsuura, explica que "inicialmente todo o desenvolvimento de robôs era direcionado para que eles se assemelhassem ao homem, pois havia uma resistência de se relacionar com máquinas que parecessem máquinas".

Atualmente, com o avanço tecnológico e a presença dos mais variados tipos de equipamentos no dia-a-dia, como computadores, celulares, controles, este receio diminuiu e os robôs não necessitam ser à imagem e semelhança dos humanos.

O pesquisador do ITA acredita que entre os modelos que utilizam placas e transistores da Rosie dos Jetsons e os replicantes perfeitos do filme Blade Runner a tendência é que os robôs se assemelhem mais aos robôs de Isaac Asimov reproduzidos no filme homônimo de seu livro Eu, Robô.

Compartilhe:

    Últimas Notícias

    Hospedagem: UOL Host