UOL Notícias Tecnologia

06/08/2008 - 07h00

Internet por rede elétrica e servidor central: os alicerces da casa do futuro

SÉRGIO VINÍCIUS | Para o UOL Tecnologia
Telas que reproduzem programas de TV mas que também oferecem acesso à Internet; interação por teclado e mouse sem fios ou por interface sensível ao toque; sistemas de alto-falantes por toda a residência, de forma que a casa se comunique com o morador; banheiras que enchem de água automaticamente e na temperatura ideal.

Para que o cenário acima seja possível, é necessário criar uma infra-estrutura que dê conta do recado. E os analistas ouvidos pela reportagem do UOL Tecnologia concordam que para fazer isso tudo funcionar um servidor central integrado à casa será necessário.

"Tudo começará com o computador central. Hoje, ele está começando a se tornar o centro de entretenimento, mas no futuro ele será o centro de tudo", diz Ricardo Wagner, gerente da Microsoft para produtos Windows.

Em 2006, a Microsoft apresentou um protótipo de casa do futuro, com telas por toda a residência, que reproduziriam todo tipo de conteúdo multimídia. "A partir desse servidor, será possível realizar tarefas diversas nos terminais espalhados pela casa, como ver TV, acessar a Web ou criar uma apresentação."

O servidor também será o responsável por armazenar os dados pessoais e preferências de cada morador da casa. Assim, ele aumentará ou diminuirá a temperatura do ar condicionado ou a intensidade da luz de acordo com as preferências configuradas.

Controle do servidor

A grande discussão que surge é qual será o elemento que controlará o servidor. Chips em cartões, celulares ou mesmo controles remotos específicos podem ser utilizados. Há ainda elementos de biometria que podem ser peças-chave para garantir o bom funcionamento do sistema.

"Com isso, supondo que quatro pessoas morem na casa, é possível que cada uma tenha um controle e que cada parte da casa se porte diferente, de acordo com a presença e preferências do morador", analisa Valéria Molina, diretora do grupo de sistemas pessoais para consumo da HP Brasil.

A biometria parece ser um caminho sem volta - tanto em casas como em estabelecimentos, transações e atos públicos. Prova disso é que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) iniciou recentemente simulações de eleições que seriam realizadas com identificação por biometria - o que substituiria o título de eleitor e o RG. Entenda como funciona a biometria
CAMINHO SEM VOLTA
Como as chaves de metal perderão a utilidade, uma das apostas da indústria é que elas sejam substituídas por sistemas biométricos de identificação. Uma impressão digital é única. Assim, uma vez registrada no sistema, bastaria que o morador pressionasse o dedo contra o dispositivo de identificação para que toda a casa entendesse as preferências dele.

Outra "chave" moderna poderia ser o celular. Dotado de um chip especial, o telefone poderia "conversar" facilmente com o servidor da casa e passar instruções do que o morador deseja. Isso seria até mesmo facilitado pois haveria suporte a comando de voz —o proprietário daria instruções via celular ao computador central.

Internet via rede elétrica

A conexão à Internet aparentemente estaria muito bem resolvida na casa do futuro. Termos como ADSL, WiMAX ou cabo poderiam ser o suficiente para garantir acesso à rede mundial nas residências inteligentes.

Entretanto, uma tendência que surge com força é o aproveitamento da malha elétrica para transmitir dados da Web. Um protótipo de casa do futuro apresentado no início do ano na feira de tecnologia CeBIT apostava na solução.

"Do ponto de vista prático, a idéia de rede elétrica e Internet compartilharem o mesmo canal é excelente. Aproveita-se uma estrutura já existente, que é a da rede elétrica. Além disso, bastaria conectar um aparelho com suporte a acesso à Web em uma tomada e pronto", afirma o consultor técnico e diretor da Blue Systems André Jaccon.

No Brasil, no início da década, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) fez testes práticos com a Internet via rede elétrica.

O maior problema enfrentado foi o conflito entre Internet e eletricidade. Em testes realizados em um condomínio do estado mineiro, quando era ligada a iluminação da quadra de tênis a conexão à Web das casas ao redor caía.

NO BRASIL
À exceção do Brasil e do protótipo bem sucedido da CeBIT, a experiência da Internet elétrica tem dado certo em alguns países.

Em Caracas, na Venezuela, esse tipo de transmissão está a todo vapor. A empresa de tecnologia BPL Global implementou em maio deste ano a tecnologia de banda larga através da rede elétrica (conhecida como Broadband PowerLine, ou BPL).

A Internet opera utilizando as redes elétricas de média e baixa voltagem já existentes. A idéia é oferecer serviço de Internet em áreas de baixa renda e pouca cobertura de serviços. "A sofisticação e versatilidade do projeto possibilita trabalhar com diversas infra-estruturas elétricas e requisitos de serviços, e ambientes operacionais distintos", diz Geraldo Guimarães, presidente da BPL Global para a América Latina.

Compartilhe:

    Últimas Notícias

    Hospedagem: UOL Host