Em 15 de novembro de 1996, a empresa israelense Mirabilis apresentava o comunicador instantâneo ICQ (que significa "I seek you"; do inglês, "eu procuro você"). Na época, Sefi Vigiser, presidente da companhia, disse que o programa mudaria o modo como as pessoas se portariam diante da Internet.
Ele estava certo. O programa imediatamente agradou usuários ao redor do mundo e ganhou força. Seduziu, em especial, a dois países completamente diferentes: Israel e Brasil. É fácil entender porque o programa fez sucesso no mercado israelense, já que foi criado naquelas bandas. No Brasil, nem mesmo a Mirabilis soube explicar o fenômeno.
O fato é que no final do final da década passada, quem tinha um e-mail, tinha também uma conta no ICQ. Em 1998, a AOL comprou a Mirabillis por 407 milhões de dólares. E o reinado do ICQ no Brasil durou até 2004, quando ainda era o software de Instant Messenger mais utilizado no país.
Mas, aos poucos, foi perdendo terreno para o MSN Messenger— a primeira versão do programa apareceu em 1999.
Em 2003, a Microsoft iniciou uma forte campanha de marketing, com direito a comerciais nos grandes veículos de mídia.
Aliado a isso, passou a programar em seu MSN Messenger firulas tão inúteis quanto pesadas que acabaram por agradar os brasileiros. Quem não gosta de colocar uma foto pessoal na janela de bate-papo ou, mesmo, enviar carinhas sorridentes para os companheiros de conversa?
E o ICQ, que já vinha perdendo espaço até mesmo no Brasil (o penúltimo país do mundo a ter mais usuários de ICQ do que do MSN Messenger), resolveu copiar seu concorrente. Foi lançada uma versão cheia de recursos visuais, que tentava segurar quem ainda não havia migrado para o MSN.
Deu tudo errado Como em ferramentas de bate-papo, quando um não quer, dois não conversam. Assim, de nada adiantava uma pessoa preferir o ICQ se todos os outros contatos estavam no MSN Messenger.
O máximo que se poderia fazer era apelar para software híbridos— como Miranda e Trillian— que colocavam sob a mesma interface contato do ICQ e do MSN Messenger e, ainda de outros.
Hoje, o ICQ está em sua versão 6.0, lançada recentemente. Entretanto, quase ninguém no Brasil sabe disso.