Tudo começou com um princípio de incêndio no Data Center da Telefônica em Alphaville (SP), no final de fevereiro. Foi o primeiro sinal num ano que marcou para sempre a história da empresa no Brasil, com uma sucessão de instabilidades e falhas nos serviços prestados em internet e telefonia.
Em 5 de março, uma falha técnica na rede da Telefônica fez com que assinantes do Speedy tivessem problemas de conexão e navegação na internet em São Paulo (capital) e em outras regiões do Estado. Os assinantes que usam conexão discada também sofreram dificuldades para acessar a web.
Um mês depois, no dia 7 de abril, usuários começaram a relatar dificuldades de conexão e navegação na internet pelo Speedy. A empresa chegou a negar, em nota oficial, que o evento poderia ser um problema generalizado. Dois dias depois, entretanto, a Telefônica reconheceu que parte dos 2,2 milhões de assinantes foi afetada após “ações deliberadas e de origem externa” terem desestabilizado os servidores DNS (Domain Name Server - Servidor de Nome de Domínio) da empresa. Hackers criaram artificialmente um número elevado de solicitações simultâneas aos servidores DNS, esgotando a capacidade dos servidores e dificultando o acesso via solicitações legítimas. Ao todo, foram cinco ataques externos.
Uma semana depois do evento, usuários ainda relatavam dificuldades de conexão, embora a Telefônica afirmasse na época que o serviço de banda larga estava normalizado desde 8 de abril, às 21h30. Como reparação aos usuários, a empresa ofereceu 12 horas de ressarcimento na mensalidade do Speedy.
Outra instabilidade no Speedy ocorreu na tarde do dia 18 de maio e persistiu pelo menos até o dia seguinte, afetando usuários em todo o Estado de São Paulo. Houve lentidão e intermitência do serviço de DNS.
Já no dia 9 de junho, foi a vez de falhar o sistema de telefonia. Telefones em todo o Estado de São Paulo, onde a empresa é responsável por 76,5% das linhas fixas, ficaram mudos, sem receber nem efetuar ligações.
O problema afetou tanto usuários domésticos, como empresas e órgão públicos. Entre os serviços afetados, estavam os telefones da Polícia Militar (190), Corpo de Bombeiros (193) e os atendimentos ao cliente e ouvidorias da Eletropaulo e Comgás. A queda no sinal foi provocada por uma "falha humana cometida pela equipe de um fornecedor que presta serviços na rede da empresa", segundo nota oficial.
No mesmo mês, dia 16, o Speedy voltou a enfrentar problemas. Usuários relataram problemas de instabilidade de conexão e sinal nulo, embora a Telefônica tenha negado a existência de um problema generalizado.
Em 22 de junho, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) determinou que a Telefônica interrompesse a comercialização do serviço de banda larga Speedy, devido às constantes falhas e quedas. Só então a empresa apresentou um plano de reestruturação de R$ 70 milhões para melhorar o serviço. Dividido em três etapas, o projeto previu a ampliação dos equipamentos DNS e da rede IP da operadora, a revisão dos procedimentos de segurança da rede, o aumento da capacidade do tollgate (a comunicação entre os usuários do Brasil e os servidores intenacionais), entre outras melhorias.
Mesmo após o cumprimento da primeira etapa do plano, usuários voltaram a ter problemas de conexão em 17 de agosto, após falhas de autenticação. A Telefônica, por meio da assessoria de imprensa, informou na época que não detectou instabilidades com o Speedy. A segunda etapa de melhorias ocorreu em 23 de setembro e a terceira, em 4 de dezembro.
A Anatel liberou apenas em 26 de agosto a volta da venda do Speedy, informando que a Telefônica ficaria sob supervisão de técnicos da agência reguladora durante os próximos seis meses.
A última falha geral relatada em 2009 aconteceu no início de setembro, quando uma nova pane atingiu o sistema de telefonia da operadora em São Paulo e região metropolitana, devido a instabilidades nos backbones da Telefônica. Na ocasião, fortes chuvas atingiram a cidade e região.
