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13/04/2007 - 07h02

Conheça um pouco da história e do funcionamento do Linux

Fernanda Ângelo

Para o UOL Tecnologia
Medo do desconhecido. Talvez esta seja a melhor das explicações para tamanho temor dos usuários iniciantes em relação ao sistema operacional de código aberto —além das próprias dificuldades que o sistema ainda impõe a usuários iniciantes.

O sistema operacional Linux teve o seu núcleo, mais conhecido como kernel, criado em 1991, pelo então pesquisador do Departamento de Ciências da Computação da Universidade de Helsinki (Finlândia) Linus Torvalds. O kernel é a mais baixa camada de interface entre o software e o hardware, responsável pelo gerenciamento de toda a operação de um computador.

A criação do sistema operacional veio no rastro do movimento do software livre, que ganhou impulso em 1984 com a fundação do Projeto GNU e a criação, em 1985, da primeira versão da licença GPL (General Public License), escrita por outro guru do mundo Linux (ou GNU/Linux, como ele prefere), Richard Stallman.

Desde o início dos anos 1980 o kernel vem sendo explorado por diversas empresas e programadores, que acrescentaram a ele uma série de aplicações para adicionar recursos ao sistema operacional. Essas melhorias deram origem ao que hoje costuma se chamar distribuição, ou simplesmente distro —um pacote com diversos recursos do Linux, entre aplicativos e até interfaces gráficas diferentes, como se o sistema operacional tivesse ele próprio "skins" ou temas, como o navegador Firefox.

Fins específicos
Comercializadas ou distribuídas gratuitamente, cada distro pode ser criada para um fim específico: algumas rodam em desktops, outras em notebooks, servidores (de rede, de
aplicações, de banco de dados etc), telefones e computadores de mão entre outros.

No Brasil, incentivos fiscais dados pelo governo federal aos fabricantes de computadores que incluírem o Linux em suas máquinas têm ajudado o sistema operacional de código aberto a ganhar espaço entre os usuários. Entre as distros mais utilizadas atualmente no país estão a Fedora, Mandriva, Red Hat e SuSE Linux.

Para ter idéia do nível de utilização do Linux no País, a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) divulgou em dezembro de 2006 que o "Computador para Todos", como é chamado o programa do governo federal para a venda de PCs a preços populares, vendeu 380 milhões de unidades entre janeiro e setembro do mesmo ano.

Também de acordo com a associação, os equipamentos vendidos pelo projeto de inclusão digital —máquinas rodando Linux e com preços abaixo de R$ 1.400— respondem por aproximadamente 7% do mercado nacional de computadores pessoais.

Ainda que muitos usuários substituam o sistema operacional Linux pelo Windows —legalizado ou não— após a compra do computador, os números podem ser considerados um avanço pelos defensores do sistema de código aberto. Isso porque, de acordo com a última edição do estudo "Mercado Brasileiro de Informática e Uso nas empresas", da Fundação Getúlio Vargas, 97% dos desktops corporativos ainda rodam o Windows, da Microsoft.

Outro levantamento, este da consultoria IT Data, com base em dados da Abinee, dá conta que 1,5 milhão de computadores com sistema operacional de código aberto foram vendidos no Brasil em 2006.

Como escolher a melhor distro?
Existem atualmente diversas distribuições Linux —são mais de 300 versões registradas atualmente. E elas diferem uma da outra em diversos aspectos. Assim, na hora de fazer a sua escolha é preciso levar algumas questões em conta.

A primeira de todas as regras na hora de escolher sua distribuição Linux é jamais optar por qualquer versão antiga. As distribuições mantidas por organizações comerciais, como Red Hat, Ubuntu, SuSE e Mandriva, além de serem encontradas mais facilmente, chegam ao mercado apenas após passarem por testes e costumam ter atualizações constantes.

Mesmo após essas dicas, antes de selecionar uma distribuição para seu computador, certifique-se de que o processo de instalação é simples e que a interface é amigável e intuitiva —algumas distros seguem, inclusive, a lógica de raciocínio adotada pela Microsoft no Windows. É uma forma de garantir que o usuário não terá dificuldades para utilizá-la.

Outra característica fundamental —a menos que você domine outros idiomas— é checar a existência de uma versão em português da distribuição. A oferta de suporte pelo distribuidor também é essencial para a boa experiência do "marinheiro de primeira viagem" com o Linux.

Mitos e verdades
Aliás, a ausência de suporte para o Linux é um dos maiores mitos a serem desfeitos pelos fabricantes do sistema operacional. Uma das grandes barreiras para a adoção do Linux no Brasil e no mundo ainda é exatamente a série de mitos envolvendo o software de código aberto.

Dizer que o Linux não possui suporte técnico é uma grande bobagem. Acreditar nisso pode ser ainda pior. Como as empresas normalmente cobram muito pouco pelo sistema, convencionou-se acreditar que elas não oferecem suporte para o software.

Exatamente por cobrarem pouco pela distribuição Linux, muitas das empresas não oferecem suporte técnico gratuito, como acontece com a maioria dos fornecedores de softwares proprietários. No entanto, no caso do Linux, além do suporte por assinatura disponibilizado pelos fabricantes, o usuário ainda conta com ampla ajuda online —adeptos do software livre reúnem-se em massa em comunidades virtuais, trocam experiências e sanam dúvidas em listas de discussões. E, acredite, muitas vezes a solução para o problema vem muito mais rapidamente do que no caso de um suporte técnico oferecido por fabricantes.

Para completar, ainda há empresas especializadas em suporte para Linux. É o caso da Linuxcare (www.linuxcare.com). Nesse caso, porém, a ajuda é paga.

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